Família acusa equipe da Santa Casa de omissão de socorro após morte de idoso
Familiares relatam descaso no atendimento e caso é investigado pela Polícia Civil
A família de Elcio Pereira, que morreu aos 67 anos na tarde de quarta-feira (17), em Campo Grande, denunciou à Polícia Civil que o idoso teria deixado de receber atendimento imediato ao chegar à Santa Casa, após sofrer um mal súbito suspeito de infarto. O caso foi registrado como omissão de socorro qualificada.
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Família acusa Santa Casa de Campo Grande de omissão de socorro após morte de idoso. Elcio Pereira, de 67 anos, faleceu na quarta-feira (17) após sofrer um mal súbito. Familiares alegam que a atendente do hospital se recusou a prestar atendimento imediato, mesmo com a informação de que o paciente estava infartando. Segundo o relato, a funcionária alegou que não havia expediente devido à greve dos servidores. Após a negativa, Elcio foi levado ao pronto-socorro, onde chegou em parada cardiorrespiratória e não resistiu. A Santa Casa informou que irá apurar a denúncia. O Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) negou a existência de greve médica no hospital.
Segundo relato da sobrinha da esposa da vítima, Elcio começou a passar mal por volta das 17h e foi levado pelos familiares em veículo particular até o hospital. A esposa dele procurou o guichê de atendimento e afirmou que o caso era urgente, informando, inclusive, que o serviço seria particular.
Ainda de acordo com a família, a funcionária responsável pelo setor teria se negado a realizar o atendimento imediato, alegando que não havia expediente devido à greve dos servidores e teria orientado que buscassem ajuda no pronto-socorro da instituição.
“Minha tia falou que ele estava infartando e, mesmo assim, a atendente demonstrou desinteresse, sem estar atendendo outra pessoa no momento”, declarou a sobrinha à polícia.
Após a negativa, os familiares correram até o pronto-socorro, onde Elcio chegou em parada cardiorrespiratória. O relatório médico aponta que foram realizados procedimentos de reanimação cardiopulmonar durante 57 minutos, incluindo desfibrilações e administração de medicamentos, mas o paciente não resistiu e teve o óbito confirmado às 18h31 pelo médico plantonista.
A família destacou ainda que Elcio já havia sofrido cinco infartos. Mesmo assim, a família reforçou que a recusa inicial no guichê pode ter sido determinante para a morte.
O caso será investigado pela Polícia Civil como possível omissão de socorro.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Santa Casa informou que irá verificar a denúncia de omissão de socorro e retornará assim que possível.
Paralisação - Sobre a paralisação dos profissionais, a Santa Casa informou por meio de nota, que está ocorrendo uma paralisação nos atendimentos ambulatoriais e eletivos devido aos atrasos nos pagamentos aos profissionais médicos. Segundo a instituição, as equipes desses setores estão suspendendo completamente suas atividades.
No caso de pacientes já internados ou que chegam pelo pronto-socorro, os médicos têm autorização, conforme resolução do CRM (Conselho Regional de Medicina), para reduzir o efetivo, mas não interromper o atendimento. Por isso, alguns profissionais estão atuando com força de trabalho reduzida, mas sem paralisação. Já nos serviços ambulatoriais e eletivos, com exceção da neurocirurgia, praticamente todas as especialidades estão paralisadas.
Já o Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) esclareceu que não há movimento de greve em andamento na Santa Casa. A entidade confirmou, no entanto, que ajuizou ação contra o hospital para cobrar os pagamentos atrasados de médicos que atuam como pessoas jurídicas, que estariam há cinco meses sem receber.
Segundo o sindicato, apesar do atraso, não houve desassistência à população e os atendimentos seguem sendo prestados normalmente.
“A diretoria da Santa Casa fere um direito básico, que é o de receber pelo trabalho realizado, mas os profissionais continuam atendendo. O sindicato vai recorrer a todas as instâncias para impedir que esse tipo de atrocidade aconteça com qualquer médico, seja pessoa física, jurídica ou celetista”, afirmou Marcelo Santana Silveira, médico clínico, nefrologista e presidente do Sinmed-MS.
O Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Mato Grosso do Sul) afirmou à reportagem que a categoria não está em mobilização nem realiza qualquer tipo de movimento paredista.
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