Aquecimento global é inevitável, mas intensidade depende da ação humana
Debate sobre o clima iniciou nos anos 80 e, desde então, as temperaturas seguem em elevação de forma contínua

O aquecimento global é uma realidade inegável e continuará nas próximas décadas, ainda que em diferentes intensidades. A avaliação é do climatólogo João Lima Sant’Anna Neto, mestre e doutor em Geografia, que há mais de 30 anos estuda o comportamento do clima.
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O aquecimento global é uma realidade que persistirá nas próximas décadas, conforme afirma o climatologista João Lima Sant'Anna Neto. Segundo o especialista, as temperaturas vêm aumentando continuamente desde 1980, com projeções que variam entre 0,5°C e 2°C de elevação nos próximos 50 anos. Embora parte do aquecimento seja natural, devido ao período interglacial da Terra, a ação humana intensifica o processo. Em Mato Grosso do Sul, 63 municípios registraram temperaturas extremas em 2024, com Porto Murtinho alcançando 156 dias consecutivos de calor intenso, ultrapassando 40°C.
Segundo o professor, as discussões sobre aquecimento começaram nos anos 1980 e, desde então, as temperaturas vêm subindo de forma contínua. “Não há dúvida: a temperatura está subindo e vem aumentando nos últimos 50 anos. Eu não sei até quando vai subir, porque a Terra reage. Existem projeções pessimistas que falam em até 2°C de aumento nos próximos 50 anos; outras, mais otimistas, indicam 1°C; e algumas modelagens chegam a 0,5°C. Tudo vai depender de como a humanidade vai agir nesse período e do quanto vamos desmatar e poluir”, explicou.
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João Lima ressaltou que parte do aquecimento ocorre naturalmente, porque a Terra vive um período interglacial. No entanto, a ação humana intensifica e acelera o processo. “Mesmo com grandes esforços para reduzir emissões, a temperatura não vai diminuir significativamente. A tendência natural é de aquecimento. O que podemos fazer é tentar minimizar os efeitos e transformar nossos espaços de vida em lugares mais justos, saudáveis e sustentáveis”, destacou.
O pesquisador lembrou que existem fatores incontroláveis que também influenciam o aumento da temperatura. “Não dá para lutar contra eles, mas podemos agir sobre aquilo que está ao nosso alcance. O desafio é planejar como viver nesse cenário. Infelizmente, a gente vive num sistema econômico muito perverso”, lamentou.
Muito calor - Em 2024, Mato Grosso do Sul esteve entre os estados com maior número de cidades que registraram recordes de calor, ultrapassando 100 dias consecutivos de temperaturas extremas, o equivalente a quase quatro meses de intenso calor. Ao todo, 63 municípios foram atingidos por ondas de calor, com registros acima de 40°C. Porto Murtinho liderou o ranking, com 156 dias de altas temperaturas e sensação térmica ainda mais elevada.

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