Família foi parar na mira da PF suspeita de estar no “esquema” de conselheiro
STJ autorizou devassa nas contas de Milton Cappi e outras 3 pessoas após identificadas transações suspeitas
Transferências bancárias suspeitas colocaram uma família “inteira” na mira da Polícia Federal durante as investigações da Operação Mineração de Ouro. Nesta quarta-feira (10), imóveis dos Cappi, na Rua Brasil, em Campo Grade foram alvos de busca e apreensão. Além disso, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou devassa nas contas de quatro pessoas com o sobrenome.
Foi analisando as contas de Sérgio da Costa Correa e das empresas dele, Docsys Tecnologia e Docsysnet Gestão Eletrônica, que a Polícia Federal identificou “transferências recorrentes e de valor expressivo em favor de pessoas com o sobrenome Cappi e para a empresa Eletro Móveis, que tem como sócio Milton Cappi, ocorridas entre os anos de 2016 e 2022”.
Conforme destacado pelo ministro Francisco Falcão, que autorizou as buscas e quebras de sigilo contra a família, “inquirido, o empresário Sérgio da Costa Correa disse que os valores repassados à família Cappi eram referentes ao pagamento de empréstimos, descrevendo operações financeiras atípicas e suspeitas, com emprego de dinheiro em espécie e assinatura de notas promissórias, que teriam sido destruídas”.
Para a Polícia Federal, Correa usou os Cappi para obter altas somas de dinheiro em espécie para o pagamento de propinas a pessoas ligadas ao TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), principalmente o conselheiro Waldir Neves.
Segundo a investigação, as duas Docsys recebiam valores provenientes da Dataeasy Consultoria e Informática Ltda., contratada pela Corte de Contas na gestão de Waldir Neves, e que chegou a receber R$ 102 milhões entre 2018 e 2022, e depois pulverizavam os valores transferindo-os para integrante da família Cappi.
“Considerando que, conforme demonstrado nos relatórios de análise bancária acostados aos autos, referidos na representação policial e no parecer ministerial, os recursos repassados pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul à empresa Dataeasy Consultoria e Informática Ltda., em decorrência do contrato firmado, foram transferidos, quase imediatamente, para pessoas físicas e jurídica ligadas à família Cappi, especificamente Milton Cappi, Romulo Nacasato Cappi, Fabiano Nacasato Cappi, Odila Maria Nacasato Cappi e Eletro Móveis Ltda., a realização de busca e apreensão mostra-se essencial para a localização de elementos de prova acerca do caminho percorrido pelo dinheiro e do suposto emprego dos recursos públicos para o pagamento de vantagem indevida aos servidores públicos identificados”, justificou o ministro do STJ na decisão a qual o Campo Grande News teve acesso.
Na quarta-feira, policiais federais e agentes da CGU e Receita Federal estiveram em galeria mantida pela família na Rua Brasil. Também fizeram buscas em apartamentos localizados em frente e ao lado do imóvel comercial, todos endereços ligados ao Cappi.
Fases – Em 8 de junho de 2021, a Mineração de Ouro cumpriu mandados contra os conselheiros Waldir Neves, Osmar Jeronymo e Ronaldo Chadid. Foram apurados esquema de contratação de funcionários "fantasmas" na Corte Fiscal e desvio de verbas públicas.
A segunda etapa foi deflagrada em 8 de dezembro de 2022. Batizada de Terceirização de Ouro, a nova fase afastou dos cargos os conselheiros Iran Coelho das Neves, Waldir Neves e Ronaldo Chadid.
Agora, a Casa de Ouro investiga esquema com imóvel de alto valor, cinco empresas e três compradores, além das transações para ocultar os desvios de dinheiro público por meio da Dataeasy, que viraram propina.
Outro lado – A reportagem tentou contato com integrante da família pessoalmente, ainda na quarta-feira, mas foi informada que o homem não estava no endereço. O Campo Grande News também tentou falar com Rômulo Cappi via WhatsApp em números anunciados pela internet, mas não recebeu retorno.
Sérgio Correa não respondeu mensagem enviada pela reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
O advogado Ronaldo Franco, que representa Waldir Neves, diz que seu cliente “está muito tranquilo em relação aos fatos relatados pela PF para tentar justificar os pedidos de busca e apreensão, já que todos os seus bens foram adquiridos na exata forma que estão declarados perante a RFB [Receita Federal do Brasil], desafiando por conseguinte a PF a demonstrar qualquer origem ilícita dos recurso utilizados para a aquisição dos referidos bens”.
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