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Justiça tenta apreender veículos e até freezers do Soares para quitar 11 milhões

Processos trabalhistas acumulam e até Netflix e iFood foram notificados para passar localização de sócios

Por Jhefferson Gamarra | 31/07/2025 18:05
Justiça tenta apreender veículos e até freezers do Soares para quitar 11 milhões
Fachada da última unidade da rede Soares, que fechou em julho (Foto: Juliano Almeida)

Passado um ano desde que a Vara Regional de Falências, Recuperações e de Cartas Precatórias Cíveis de Campo Grande decretou a falência do Mercado Soares, a situação da massa falida segue longe de um desfecho. As dívidas da rede, que já foram estimadas em R$ 8,4 milhões, hoje ultrapassam R$ 11,7 milhões, somando ações trabalhistas, execuções fiscais e cobranças de bancos e fornecedores.

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Falência do Mercado Soares acumula dívidas de R$ 11,7 milhões e bens desaparecidos. Após um ano da decretação de falência, o Mercado Soares acumula dívidas que ultrapassam R$ 11,7 milhões, incluindo débitos trabalhistas, fiscais e com fornecedores. A administradora judicial relata o desaparecimento de bens da empresa, como veículos e equipamentos, dificultando o pagamento aos credores. Ex-funcionários, bancos e fornecedores estão entre os principais credores. Mais de 120 ex-funcionários aguardam o pagamento de dívidas trabalhistas que somam mais de R$ 588 mil. Bancos, como Banco do Brasil, Itaú e Santander, também figuram na lista de credores, com valores milionários. Fornecedores locais, como distribuidoras de alimentos, somam a maior parte da dívida, ultrapassando R$ 8 milhões. A Justiça determinou a busca por bens da empresa, mas até o momento as diligências foram negativas. A falta de colaboração dos ex-sócios e o sumiço do patrimônio dificultam o andamento do processo e a quitação das dívidas.

Mesmo com centenas de credores habilitados, a arrecadação para o pagamento dos débitos é mínima, já que parte dos bens da empresa simplesmente desapareceu. A administradora judicial, Compasso Administração Judicial, relata em petição de 23 de julho de 2025 que diversos veículos, equipamentos e até freezers que pertenciam à rede não foram localizados, mesmo após intimações aos sócios Zulene Aparecida Soares Onofre e Thiago Soares Onofre. A Justiça já alertou que a omissão de informações pode configurar crime falimentar.

A lista de credores da Classe I (trabalhista) é extensa, somando mais de 120 ex-funcionários com valores variando de poucos milhares até mais de R$ 75 mil. Ao todo, a dívida trabalhista reconhecida até agora ultrapassa R$ 588 mil, e novas habilitações seguem chegando à administradora judicial, aumentando o passivo da massa falida.

Na tentativa de aumentar a arrecadação para os credores, a Justiça determinou a localização e apreensão de bens que pertenceram à rede de supermercados. A lista enviada pela administradora judicial inclui veículos de diversas marcas, como um caminhão Agrale 5000 DRD, um VW 17.230 CRM 4X2, um Hyundai Creta Platinum 1.0 Turbo, dois automóveis Hyundai HB20 Sense 1.0, um Fiat Pulse Audace TF200, um caminhão VW 11.180 Delivery 4X2, além de uma motocicleta Yamaha YBR150 Factor ED, uma Honda CG 125 Cargo KS e uma carreta R/Bueno de dois eixos.

Além dos veículos, a Justiça determinou que os ex-sócios informem o paradeiro de gôndolas, freezers, geladeiras, computadores e demais equipamentos que guarneciam as seis lojas da rede, já que esses bens poderiam ser leiloados para gerar recursos para os credores.

Até agora, diligências realizadas por oficiais de justiça foram negativas, e a administradora solicitou novas intimações com endereço atualizado da ex-sócia Zulene Onofre, além de ofícios a órgãos públicos e empresas privadas (como operadoras de telefonia, INSS, SUS, Netflix, iFood e Uber) para tentar localizar Thiago Onofre, outro sócio da falida.

Além das dívidas trabalhistas, a Fazenda Nacional cobra R$ 1,42 milhão em tributos atrasados com a Fazenda Nacional. Os bancos também figuram como credores de peso, com destaque para Banco do Brasil, onde o montante é de R$ 2.070.176,79; no Banco Itaú, no valor é de R$ 671.833,95; e no Banco Santander, onde total é de R$ 403.946,03. E o Sicredi, que reclama uma dívida no valor de R$ 224 mil.

Fornecedores locais, como distribuidoras de alimentos e bebidas, também reclamam valores expressivos, sendo a maior fatia devida pelo Mercado Soares, chegando a um montante que ultrapassa R$ 8 milhões. Em alguns casos específicos, com um fornecedor de carne, o valor reclamado é de R$ 1,4 milhão.

Com patrimônio escasso, bens desaparecidos e ausência de colaboração dos ex-sócios, a expectativa é que o processo de falência se arraste por anos. A ordem de pagamento seguirá a Lei de Falências, priorizando trabalhadores (até 150 salários mínimos por pessoa), depois o fisco, bancos e fornecedores. No entanto, a própria administradora judicial reconhece que dificilmente será possível quitar uma fração relevante dos mais de R$ 11,7 milhões em dívidas.

A reportagem tentou contato com o escritório de advocacia habilitado no processo para comentar sobre o andamento da ação e a perspectiva de pagamentos ou de um possível acordo para sanar as pendências. No entanto, não houve retorno até o momento, permanecendo o espaço aberto para manifestação.