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Capital

Lutador chora em depoimento na 1ª audiência sobre assassinato em hotel

Alan Diógenes | 17/08/2015 15:53
Rafael chegou à audiência algemado e chorou no depoimento da testemunha de defesa. (Foto: Marcos Ermínio)
Rafael chegou à audiência algemado e chorou no depoimento da testemunha de defesa. (Foto: Marcos Ermínio)
Advogada de defesa pediu exame de sanidade mental do acusado, mas resultado ainda não saiu. (Foto: Marcos Ermínio)
Advogada de defesa pediu exame de sanidade mental do acusado, mas resultado ainda não saiu. (Foto: Marcos Ermínio)

A primeira audiência sobre o caso do lutador de Jiu Jitsu, Rafael Martinelli Queiroz, 27 anos, que matou o engenheiro eletricista Paulo César de Oliveira, em um hotel de Campo Grande, no dia 18 de abril deste ano, aconteceu na tarde desta segunda-feira (17), e ficou marcado pelas palavras de três testemunhas de acusação que lembraram a crueldade do crime. O acusado acompanhou a audiência e chorou no momento em que a única testemunha de defesa lembrou do filho que sua namorada está esperando.

As testemunhas de acusação foram a proprietária e uma funcionária do hotel onde tudo aconteceu, além do policial militar que fez a primeira abordagem ao acusado. Já a testemunha de defesa, o presidente da Federação de Jiu Jistu Desportivo de Mato Grosso do Sul, Fábio Rocha, 38 anos, que organizou o evento em que Rafael iria participar, contou como foram os fatos naquele dia.

“Ele chegou com a namorada ao Círculo Militar, local do evento, às 18h daquele dia. Me procurou e perguntou o que ele estava fazendo ali, eu estranhei e disse que ele tinha vindo para lutar. Ele estava alterado e pedi à sua namorada que levasse ao hotel para que descansassem porque o evento só aconteceria mais tarde. Logo mais, às 20h, ele retornou ao Círculo Militar com as mãos cobertas de sangue perguntando quem era o cara. Achei que havia acontecido algum acidente e levei ele ao banheiro. Quando sai, vi os policiais dizendo que ele havia cometido um assassinato. Depois veio a prisão”, contou Fábio.

O professor de Jiu Jitsu disse ainda que ficou bem assustado ao saber do que aconteceu, porque Rafael era um lutador de renome, muito educado e nunca teve antecedentes criminais desde 2008, quando começou sua carreira.

Ele alega que naquele dia o jovem estava diferente. “Ele falava coisa com coisa e o amigo dele que o trouxe de carro até a cidade disse que durante a viagem ele já aparentava estar alterado. Não apresentava sinais de embriaguez ou estar sob efeito de drogas. Para mim foi um surto psicótico”, afirmou.

Questionado a respeito de sua relação com Rafael, Fábio falou que eles sempre conversavam pelas redes sociais. Lembrou que o lutador pedia para participar dos campeonatos para ganhar dinheiro e cuidar do filho, que a namorada está esperando. Neste momento, Rafael sentado no banco dos réus começou a chorar, levantava e abaixava a cabeça olhando a todos do recinto.

O comandante do Tático da Polícia Militar do Centro, sargento Rodson Cleiver Viana da Cruz, falou como foi a abordagem policial. “Encontramos ele dentro de um dos cômodos do Círculo Militar e pedimos para que ele saísse. Em seguida ela saiu falando coisas desconexas e pediu para que fossemos ao hotel ver o que tinha acontecido. Quando cheguei no hall do hotel já vi o corpo estendido no chão. Nesta hora pedi apoio a mais seis policiais para prender Rafael, devido à força demostrada no crime. Houve dificuldade de colocá-lo na viatura”, explicou.

Outras seis testemunhas serão ouvidas no Estado de São Paulo por carta precatória até novembro. Duas são de acusação: o amigo e uma mulher que trouxeram Rafael à Campo Grande de carro; e as outras seis são de defesa. Logo depois, Rafael presta depoimento, aí então o juiz profere sua decisão, que pode o levar à júri popular.

A advogada de defesa, Fábia Favaro, pediu ao magistrado pela segunda vez a liberdade provisória do acusado, que foi negada novamente. “Negaram devido à violência demostrada no crime. Então entramos com um pedido no STJ (Superior Tribunal de Justiça), porque o Rafael não tem antecedentes criminais, possui nível superior e residência fixa”, apontou a advogada.

Segundo ela, exames apontaram que Rafael não estava sob efeito de álcool ou drogas no dia do crime, mas tomava medicamentos controlados. Por isso, a defesa pediu o exame que irá testar sua sanidade mental. “Queremos saber até que ponto os remédios podem ter afetado o estado psicológico e psiquiátrico dele, pois ele alega não lembrar de nada do que ocorreu. Somente se lembra do momento em que já estava no presídio”, comentou Fábia.

As outras testemunhas de acusação saíram da sala de depoimento sem falar com a imprensa. Rafael está preso em cela especial por ter curso superior. Ele está respondendo pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, lesão corporal e resistência à prisão.

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