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Capital

OAB repudia “falas depreciativas” de promotor em briga com advogado

Discussão foi tão acalorada que os jurados foram retirados do plenário e juiz chamou a PM

Aline dos Santos | 26/09/2021 10:20
Julgamento que rendeu confusão foi realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Julgamento que rendeu confusão foi realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) se manifestou sobre a briga verbal que quase virou “porrada” entre o promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos e o advogado Alex Viana de Mello. A confusão foi durante sessão do Tribunal do Júri de Campo Grande.

“Ao tomar conhecimento dos fatos ocorridos no plenário do Tribunal do Júri em Campo Grande na última sexta feira (24), conforme matéria divulgada pelo site Campo Grande News, onde houve exasperação dos ânimos com ofensas pessoais por parte do Promotor de Justiça em face do advogado do acusado, a OAB/MS vem repudiar as falas depreciativas do mesmo com acusações que ‘a priori’ transbordam os limites da razoabilidade”.

Na nota, a entidade informa que aguardará a remessa dos autos para a devida apuração.

A discussão foi tão acalorada que os jurados tiveram de ser tirados do plenário e o juiz Aluízio Pereira dos Santos chamou a Polícia Militar. A confusão aconteceu nos momentos finais do julgamento de Bruno Cézar de Carvalho de Oliveira, de 25 anos. O motoentregador  matou Emerson Salles Silva, de 33 anos.

Promotor Douglas (ao centro e de gravata vermelha) e juiz (à direita) foram citados por advogado. (Foto: Marcos Maluf)
Promotor Douglas (ao centro e de gravata vermelha) e juiz (à direita) foram citados por advogado. (Foto: Marcos Maluf)

A confusão entre os representantes da acusação e defesa teve direito a dedo na cara e os dois quase “saíram na porrada”.

Ao sustentar a tese de que o cliente é um sobrevivente e que as circunstâncias da vida o levaram a ter uma arma para se defender, o advogado Alex  citou o promotor e o juiz. “Doutor Douglas, nem todo mundo tem a vida que você tem, o salário que você tem, que o doutor. Aluízio tem. Ele mora na Moreninha. Onde você mora?”, questionou.

Foi quando o promotor pediu o direito à palavra e por ter sido citado, o magistrado concedeu. Douglas citou que foi músico de boteco antes de se tornar advogado e promotor. “Tocava 8 horas por noite para ganhar 25 reais. Saía de carona com garçom e nunca na minha vida passou pela minha cabeça comprar uma arma ilegal para me defender. Não me meça pela régua do assassino que você está defendendo”.

O advogado retrucou: “não chame meu cliente de assassino” e o promotor continuou: “assassino, assassino, assassino”. Foi quando o debate tomou proporção descontrolada. Os dois saíram de suas posições, passaram a se encarar, “deram de dedo” um na cara do outro.

Douglas chegou a dizer que Alex Viana era “advogado do PCC” e a chamá-lo de “canalha”. “Eu sei da sua moral”, afirmou o promotor encarando o responsável pela defesa do réu.

Advogado Alex fez constar em ata que vai pedir nulidade do júri por menção ao PCC. (Foto: Marcos Maluf)
Advogado Alex fez constar em ata que vai pedir nulidade do júri por menção ao PCC. (Foto: Marcos Maluf)

Na ata do julgamento, onde o réu foi condenado a 14 anos de prisão, o advogado fez constar que vai pedir a nulidade do júri. “A defesa requer que conste em ata: ‘que vai postular no prazo recursal a anulação do julgamento por conta de que o Promotor falou que este Advogado é Advogado do PCC que a Promotora Luciana Rabelo não faz júri comigo por causa disto e que o MP não mais me aguenta’”.

De acordo com o documento, o juiz consultou os jurados, que se prontificaram a concluir a sessão do júri mesmo após a altercação entre o advogado e o promotor. A ata e áudios dos julgamentos foram encaminhados para a OAB e ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

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