MP diz que motoentregador premeditou crime: "apontou para matar"
Promotor contestou versão de motoentregador de que havia sido ameaçado e agiu em legítima defesa
"Ele aponta a arma, ele aponta para matar". Assim discorreu o promotor do Ministério Público, Douglas Oldegardo, sobre o dia em que Bruno Cézar de Carvalho de Oliveira, de 25 anos, matou Emerson Salles Silva, de 33 anos. O promotor contesta a versão de Bruno, de legítima defesa. "O que ele fazia com uma arma naquele dia?", questiona, pressupondo que premeditou o crime.
Durante o julgamento nesta sexta-feira (24), o promotor lembrou dos detalhes contados por Bruno em depoimento sobre o momento em que Emerson chegou a lanchonete no dia em que foi assassinado. "Ele chegou nervoso. Demonstrando nervosismo", destacou.
Para rebater a fala, exibiu o depoimento da testemunha do chapeiro novamente. "Eu vou falar com o Neto para ele te mandar embora", disse Bruno para Emerson. "Não estava apenas apontando a arma para baixo, estava a ameaçando tirar o emprego do sujeito", frisa o promotor.
O chapeiro relatou que Emerson chegou logo depois, "cumprimentou" todo mundo, estacionou a moto e foi conversar com Bruno. Neste momento, acontecem as ameaças com a arma. Depois que Bruno guardou a arma, a briga aconteceu. "Emerson bateu primeiro, ele que agrediu", narrou a funcionária, que também ajudou a separar a confusão.
Um tapa no rosto teria sido o primeiro ato de violência. Os colegas de trabalho separaram Emerson e Bruno, que vai foi a mochila e sacou sua arma. "Ele não pensa duas vezes, ele não pensa meia vez, assim que acaba a briga ele corre para pegar a arma e da forma que ele aponta a arma, ele aponta para matar", discorre o promotor.
Aos jurados, o promotor lembra que no momento dos tiros, não há mais briga, que Bruno, com arma na mão, caminhou em direção a vítima e disparou. "Ele caminha friamente em direção a vítima para dar o primeiro tiro".
O segundo tiro acontece com Emerson já ferido nas nádegas, abraçado em uma pilastra e sem ter como se defender. "Ele deu o chamado tiro de confere, que é aquele que quando você quer matar uma pessoa e a pessoa cai, o que você faz? Pega aquele pessoa caída que não pode se defender aponta para cabeça e pau. Atira. Confere que matou".
Mais uma vez, o promotor usou o depoimento dos colegas de lanchonete para rebater a versão de Bruno. Um desses pontos, foi a relação entre os dois. Enquanto o réu afirma que só cumprimentava a vítima, uma colega afirmou que os dois estavam sempre juntos. "Ficavam conversando, fazendo companhia mesmo".
Outro trecho passado foi o que contou a chegada da vítima ao local. "Eu estava ali embalando o pão com o Bruno e o Emerson chegou cumprimentou todo mundo e deu um tapa nas costas dele, de cumprimentar mesmo". "Esse Emerson que deu tapinha nas costas é o mesmo Emerson que ele descreve? Com sangue nos olhos".
Na sua fala, o promotor reforçou que cada ato de Bruno foi uma tentativa de alguém que quer se esquivar da pena adequada ao crime que praticou.
Arma - No plenário, o promotor rebateu também a versão de que Bruno andava armado para se defender de assaltos. Para isso, ele usa o próprio depoimento do réu, que afirmou andar com a arma dentro da caixa da moto para se proteger. Quando questionado de como sacaria a arma, não soube explicar, apenas repetiu que na cabeça dele, apenas mostrar a arma já intimidaria o assalto.
"Alguém acredita nisso? Que ele usava a arma para se defender dentro da caixa da moto? A pergunta é: o que ele fazia com uma arma naquele dia?". Essa pergunta foi feita durante as audiências judiciais pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos: Bruno não soube dizer. Afirmou que apenas foi armado naquele dia.
As discussões por WhatsApp também foram exibidas pelo promotor e mostram conversas em tom de proximidade, até o desentendimento, que começa com o questionamento sobre a reclamação de Emerson em assumir o lugar do amigo na lanchonete durante o tempo necessário para consertar a moto.
O resto das conversas é uma sucessão de ofensas, xingamentos e provocações, iniciadas por Bruno e aceitas por Emerson. Depois de mostrar o vídeo do crime, o promotor afirma: "É inconcebível um crime desse gerar absolvição". O MP pede a condenação por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.