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Capital

Repleta de crianças, UPA atende com falta de materiais e sem vagas de internação

Secretária reforçou que não há mais leitos disponíveis e cita expectativa no Hospital Regional de MS

Por Cassia Modena e Murilo Medeiros | 21/05/2025 14:23
Repleta de crianças, UPA atende com falta de materiais e sem vagas de internação
Bebês e crianças internados na UPA Universitário, ao lado das mães (Foto: Direto das Ruas)

Ainda diante da falta de vagas em hospitais e surto de doenças respiratórias em Campo Grande, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário passou madrugada e início desta manhã (21) repleta de crianças. Faltaram materiais, leitos e equipamentos para atender a todas.

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A UPA Universitário, em Campo Grande, enfrenta superlotação com grande número de crianças e bebês necessitando de atendimento. A unidade sofre com falta de materiais básicos, medicamentos e leitos. Uma criança com dengue precisou dormir no corredor, enquanto outras não receberam tratamentos essenciais como inalação e oxigênio. O caso mais crítico é de uma menina de 2 anos, entubada com pneumonia grave, aguardando transferência para hospital. A situação é agravada pela falta de medicamentos como amoxicilina com clavulanato e pela ausência de serviços especializados como fisioterapia respiratória. A Secretaria Municipal de Saúde implementou um plano de contingência e aguarda abertura de vagas no Hospital Regional.

Uma com quadro grave de dengue acabou dormindo no corredor, enquanto outras precisaram de inalação e oxigênio, mas não receberam. Foi esse o cenário durante a madrugada, segundo relato que chegou ao Direto das Ruas.

Nesta manhã, a reportagem encontrou mães e pai angustiados esperando atendimento e acompanhando filhos internados no local.

A dona de casa Andressa Machado, 30, não está conseguindo vaga de internação para o filho que respira com dificuldade, geme e chora. "Ele está assim o tempo todo", diz. O menino tem só 2 anos.

Os dois chegaram às 7h30. O primeiro atendimento foi feito rapidamente por um médico, mas o paciente não está recebendo o tratamento recomendado.

Repleta de crianças, UPA atende com falta de materiais e sem vagas de internação
Dia de grande fluxo de pacientes e acompanhantes na UPA Universitário (Foto: Marcos Maluf)

"O pediatra falou que não tem leito. Estou aqui esperando ele ser medicado e usar uma bombinha. Até agora não chamaram", relata. Há adultos esperando atendimento também, mas a quantidade de crianças e bebês é o que chama mais atenção. O caso mais grave é de uma menina de 2 anos que está entubada. Ela enfrenta uma pneumonia grave.

Cleiton Henrique Louveira, 37, está desempregado e é o pai da criança. "Desespero, desespero", ele define. A menina precisa de transferência para um hospital.

 "Ela está entubada com sedação e medicamento para dor. Aqui a gente não tem como fazer internação aqui na UPA. Em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) é feito controle de temperatura, a gente tem antibiótico de amplo espectro, tem fisioterapia respiratória, que aqui não tem. A criança às vezes não precisa ficar em jejum porque recebe alimentação via sonda. Não temos esses recursos aqui. Os quadros poderiam ser encurtados se tivesse serviço de fisioterapia respiratória", confirmou uma médica que preferiu não ser identificada.

Materiais e remédio - Enquanto o filho autista de 4 anos estava sentado na calçada da UPA, com febre de 39,5ºC, a mãe contava duas horas de espera. Não é a primeira vez, este ano, que ela passa o apuro "horrível", como ela diz. "Mês passado meu outro filho de 1 ano ficou internado aqui com bronquiolite e pneumonia, mas mandaram para casa antes de se recuperar totalmente porque precisava desocupar leito", lembra.

Repleta de crianças, UPA atende com falta de materiais e sem vagas de internação
Febril, menino autista espera atendimento sentado na calçada da UPA (Foto: Marcos Maluf)

A vendedora Isabela Arruda, 29, acompanha o filho diariamente na UPA desde sábado (17). Ele está com infecção no ouvido e tem 1 ano. O material disponível para furar o bracinho não é o adequado. Foram feitas 10 tentativas, sem sucesso.

Além de materiais, faltam medicamentos na UPA. Um deles é amoxicilina com clavulanato, que serve para tratar os casos de pneumonia.

O Campo Grande News questionou a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sobre a previsão da reposição do que falta. A pasta informou que "tem acompanhado de perto a situação e esclarece que os insumos destacados estão com entrega pendente por parte dos fornecedores e que já foram notificados quanto à entrega".

No que diz respeito à amoxicilina com clavulanato, afirmou que o processo de compra está em andamento. "A previsão é de que o fornecimento seja normalizado nas próximas semanas", completou.

Repleta de crianças, UPA atende com falta de materiais e sem vagas de internação
Braço de menino com sinais de perfuração para ser medicado (Foto: Marcos Maluf)

Expectativa no Hospital Regional - A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, reforçou que a prefeitura adota nas UPAs e outras unidades próprias um plano de contingência para lidar com a crise, e que ainda não foi possível ampliar o número de leitos hospitalares para crianças. Eles estão indisponíveis tanto na rede pública quanto na rede privada.

"Ninguém consegue abrir, então, fizemos o plano de contingência. Nós temos o UPA Universitário e UPA Coronel Antonino com pediatra 24 horas, além do pronto atendimento infantil no Tiradentes, onde as crianças mais graves são realocadas e são atendidas não só por pediatras, mas também fisioterapeutas, e têm todos os equipamentos necessários para conduzir o tratamento da síndrome respiratória", explica.

A expectativa é a abertura de mais vagas no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), o que depende da contratação de mais médicos e profissionais da enfermagem para dar assistência aos pacientes.

Quanto a isso, o secretário estadual de Saúde, Maurício Simões, informou que pediatras já foram contratados e que está prevista a contratação na enfermagem a partir da próxima semana.


Matéria editada às 16h58 para acrescentar nota da Sesau.

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