Sem gás de cozinha, casal "antecipa" inauguração de fogão à lenha
Há quem esteja há quase duas semanas cozinhando apenas com lenha por não achar gás de cozinha
Com caminhões cheios de botijões de gás de cozinha parados nas rodovias de todo o país por dez dias, os estoques de um insumo tão básico acabaram. Sem onde comprar o produto, o consumidor deu seu jeito para preparar a alimentação. Há quem tenha "voltado no tempo" e esteja usando lenha.
Homério Soares, de 73 anos, e a esposa Belaimina Moreira, de 76, estão desde segunda-feira (21) sem gás em casa. "Nós tentamos comprar com o rapaz que sempre vende para a gente, mas não tem nem para ele, se acabar, ele também fica em apuros", conta o aposentado.
O fogão a lenha, que estava sendo construído por Homério, teve que ser inaugurado antes de ser concluído. "Parece que eu estava adivinhando, senão eu ia ter que cozinhar no latão", comenta. O idoso ainda lembra que pelo quintal de casa era cheio de lenha, mas até ela já está em falta.
Belaimina reclama da dificuldade para cozinhar na lenha, mas essa é a única forma que têm hoje para fazer a comida. "O ruim é querer tomar um cafézinho de noite e ter que vir para fora de casa para ligar o fogo e esquentar a água".
A dona de casa Gerônima Benitez, de 63 anos, sofre por antecipação. Ela comprou o botijão de gás há pouco mais de um mês e sabe que, se a greve dos caminhoneiros continuar atrapalhando o abastecimento na cidade, ela terá muita dificuldade para conseguir um novo.
Ênio de Oliveira, de 62 anos, é revendedor de gás e teve uma surpresa nessa manhã. "Quando eu acordei tinha uma fila na frente de casa, e eram pessoas de vários bairros, Nova Lima, Noroeste, Vilas Boas", completa.
Segundo ele ainda há estoque guardado, mas a quantidade que foi vendida nas primeiras horas do dia assustou e teve que reabastecer o posto de venda no bairro Tiradentes.
O presidente do Simpergasc-MS (Sindicato das Micro, Pequenas Empresas e Revendedores Autônomos de GLP, Gás Canalizado e Similares do Estado de Mato Grosso do Sul), Vilson de Lima, alerta que ainda não há nenhuma previsão para que os caminhões sejam liberados. "As companhias ainda não sabem informar quando virá gás para cá. E para agravar a situação parece que os petroleiros também estão entrando em greve", conclui. Em todo o Estado, são mais de 5 mil revendas.