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Capital

“Viadinho da manhã”: professor expõe homofobia e assédio em academia

Vítima contou que assédio era institucionalizado e culminou com seu acesso bloqueado e posterior demissão

Por Bruna Marques | 17/05/2025 16:31
“Viadinho da manhã”: professor expõe homofobia e assédio em academia
Diretor e gerente tramando demitir o professor (Foto: Reprodução)

Um professor de educação física de 30 anos denunciou casos graves de homofobia, assédio moral e perseguição que alega ter sofrido enquanto trabalhava na unidade de uma localizada na Avenida Mato Grosso, no Centro de Campo Grande. Ele registrou boletins de ocorrência, ajuizou processo contra a empresa e agora tornou público o caso após ter sido demitido.

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Professor de educação física denuncia homofobia e assédio em academia de Campo Grande. Ele alega ter sofrido perseguição e humilhações por parte da gerente e de um diretor da rede, após registrar boletim de ocorrência por furto dentro da academia. Conversas vazadas mostram termos homofóbicos e insinuações para forçar sua demissão. A vítima relata ter sido punida com exercícios físicos em público, ignorada pela gerência e alvo de comentários preconceituosos em mensagens trocadas entre os gestores. O professor afirma que o assédio era institucionalizado e culminou com seu acesso bloqueado à academia e posterior demissão. Ele registrou queixa criminal contra os acusados por assédio moral, perseguição e injúria homofóbica. A gerência e a diretoria da academia ainda não se pronunciaram sobre o caso.

Segundo o profissional, os episódios de abuso começaram a se intensificar em dezembro de 2024, quando foi punido pela gerente da unidade por um atraso. Como "castigo", ela o obrigou a fazer burpees — exercício físico de alta intensidade que consiste em agachamento seguido de flexão e salto — em frente aos alunos. O constrangimento foi apenas o início de uma sequência de humilhações.

No mês seguinte, em janeiro de 2025, o professor teve uma garrafa furtada dentro da academia e, ao comunicar o fato, passou a ser ignorado pela chefe, que deixou de responder mensagens e evitava qualquer interação direta. Ainda em janeiro, ele teve acesso a conversas no computador da gerência da academia que comprovariam a prática sistemática de assédio por parte da gerente e de um superior hierárquico da rede, diretor de operações.

De acordo com a vítima, o computador da gerência é de uso comum entre os funcionários, e a gerente frequentemente autorizava o uso inclusive de seu WhatsApp web, que estava logado na máquina. No dia 26 de janeiro, enquanto tentava resolver um problema com a internet da academia, o professor visualizou conversas entre os gestores, que, segundo ele, revelam claramente a intenção de forçá-lo a pedir demissão.

Provas - Prints dessas conversas, agora anexados ao processo, mostram a gerente se referindo ao funcionário com termos como "viadinho", "safado", "mal caráter" e "vagabundo". O diretor incentiva medidas para prejudicar o professor, como a retirada das aulas de abdominal que ele ministrava, com o objetivo de reduzir seu salário. Há ainda menções a "passar a faca nele" e simulações da sua rescisão contratual, além de insinuações de cancelamento de férias para puni-lo.

“A orientação dele é me espremer até que eu mesmo pedisse pra sair. Eles falavam isso abertamente. Mesmo depois de ter sofrido furto e relatado, fui tratado como culpado. É revoltante”, afirma o professor.

A gerente também cogita dar advertência por um suposto atraso de dois minutos e, em tom de deboche, menciona que o funcionário “dá nojo” e que “pedir para sair seria o melhor”. Em outra troca de mensagens, após simular a demissão, o diretor afirma: “Bota o macho pra trabalhar e arranca o couro dele”, ao que a gerente responde chamando o funcionário de “vagabundo demais” e sugerindo que cancelar suas férias o prejudicaria diretamente.

“Viadinho da manhã”: professor expõe homofobia e assédio em academia
Print da gerente chamando o professor de "safado" foi anexado no processo (Foto: Reprodução)

Conforme o denunciante, o assédio não era apenas individual, mas institucionalizado, com o diretor endossando os ataques. “Sempre foi muito difícil trabalhar lá. Ela [gerente] era grossa, os próprios clientes já reclamaram dela. Sempre percebi que ela me perseguia”, relata.

O ápice veio quando, ao chegar para dar aula, o professor teve o acesso bloqueado à unidade, sem qualquer aviso prévio. Pouco depois, foi oficialmente demitido.

A vítima representou criminalmente contra a gerente e o diretor por assédio moral, perseguição e injúria homofóbica, crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro desde que o Supremo Tribunal Federal equiparou a homofobia ao crime de racismo.

Procurados para comentar o caso, a gerente e o diretor ainda não responderam as mensagens enviadas e também não atenderam as ligações. A reportagem foi até a academia, mas a responsável pelo local não estava. A equipe deixou recado com o funcionário da recepção. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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