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Cidades

Fazendeiro põe seguranças armados para evitar avanço de índios kadiwéus

Luciana Brazil | 22/08/2013 09:36

Depois da ocupação da fazenda Limoeiro, em Corumbá, na tarde de ontem (21), o clima segue tenso na região. Igor Vilela, dono da fazenda Santa Márcia, que faz divisa com a propriedade invadida, garante que haverá confronto caso os índios kadiwéu avancem até a sua fazenda. Seguranças armados foram contratados para evitar a ocupação.

Ontem, ao menos 120 indígenas ocuparam a fazenda Limoeiro, da família Alves Corrêa, que fica próximo a Miranda, a 201 quilômetros de Campo Grande. A esposa de Igor é uma das proprietárias do local. Temendo uma invasão na fazenda Santa Márcia, Igor adianta que poderá haver confronto.

Seguranças armados já foram instruídos e estão de prontidão em frente à propriedade. A preocupação é que os índios queiram também ocupar suas terras. “Se eles vierem vai ter confronto. Já avisamos a polícia, mas ninguém fez nada até agora”, contou Igor. Hoje cedo Igor estava a caminho da Limoeiro.

Segundo o advogado do dono da fazenda Limoeiro, Carlos Fernando de Souza, esta é a segunda vez em menos de dois anos que índios entram na propriedade. Um comunicado, pedindo providências, já foi enviado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Igor disse que no momento da invasão, seis seguranças estavam na propriedade. Quatro teriam sido amarrados e dois conseguiram fugir. Os profissionais que faziam a guarda da propriedade são contratados por uma empresa de Dourados. As armas dos seguranças também teriam sido roubadas. “Ainda não sabemos se a estrutura da fazenda foi depredada”, disse.

Dos 538 mil hectares, 160 mil estão em disputa na Justiça desde 1987. O processo tramita há 25 anos no STF (Superior Tribunal Federal). A demarcação da reserva dos kadiwéus foi feita em 1981.

De acordo com levantamento feito pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), no Estado já são 67 propriedades ocupadas por indígenas.

Conflito - Neste mês, o ministro José Cardozo veio a Capital para iniciar uma negociação entre o governo Federal, representantes indígenas e produtores rurais do Estado.

No último dia 13, representantes dos governos Federal e Estadual decidiram, em reunião, que as 31 fazendas localizadas na Reserva Buriti, em Sidrolândia, serão adquiridas pela União por meio de TDA (Título da Dívida Agrária). Também foi anunciado que, em um prazo de 60 dias, o Governo Federal fará levantamentos das áreas e de benfeitorias nas propriedades rurais para que se chegue a um valor exato que deve ser pago pelos hectares comprados.

Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, “serão duas relações jurídicas distintas nas compras”. Cardozo afirmou que a primeira é a aquisição de terras do Estado pelo Governo Federal por meio de TDA (Título da Dívida Agrária) e a segunda é a negociação do Governo Estadual com os produtores para o pagamento das indenizações.

O cronograma para a compra e venda de todas as terras indígenas em Mato Grosso do Sul será divulgado no próximo dia 27, no Ministério da Justiça, em Brasília (DF), quando acontece nova reunião entre índios, produtores e os dois governos. Conforme Cardozo, cada região terá uma forma de negociação.

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