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Interior

Após resgate de narcotraficante, hospital quer parar de atender presos

Fundação que administra Hospital da Vida mandou ofício ao Ministério Público reclamando da falta de segurança

Helio de Freitas, de Dourados | 24/08/2018 15:23
Hospital da Vida é única opção para moradores de 30 cidades da região que precisam do SUS (Foto: Divulgação)
Hospital da Vida é única opção para moradores de 30 cidades da região que precisam do SUS (Foto: Divulgação)

Maior unidade credenciada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) do interior de Mato Grosso do Sul e única opção para moradores de pelo menos 30 municípios, o Hospital da Vida, localizado em Dourados, quer parar de atender os internos da PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Em ofício ao Ministério Público, a Funsaud (Fundação de Saúde de Dourados) – órgão municipal que administra o hospital e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) – aponta falta de segurança para atender os presos e relata até ameaças aos profissionais.

Entretanto, o principal motivo do pedido foi o resgate do narcotraficante Nelson de Oliveira Leite Falcão, 53, levado do presídio para o hospital após alegar dores lombares devido a um problema que dificulta sua locomoção. A fuga ocorreu no dia 27 de julho deste ano.

No início da tarde daquele dia, homens armados e usando roupa de enfermeiro invadiram o hospital de arma em punho, renderam os policiais militares da escolta e levaram o bandido, condenado a 82 anos de prisão.

No ofício enviado à 16ª Promotoria de Justiça da comarca de Dourados, o departamento jurídico da fundação pede ao Ministério Público que recomende ao governo de Mato Grosso do Sul a ativação da ala médica da penitenciária, “para que os presos que necessitam de atendimento básico sejam lá tratados, tendo em vista a ordem e a segurança pública”.

Apenas com vigilantes patrimoniais no hospital, a Funsaud aponta no ofício a recusa por parte da Polícia Civil e Guarda Municipal em reforçar a segurança na unidade por falta de efetivo.

Ao apontar o resgate como “grave acontecimento que colocou em risco a vida de todas as pessoas presentes no hospital naquele momento”, a Funsaud relata não ter sido esse o único episódio de perigo para funcionários e pacientes.

“Corriqueiramente também há problemas de ameaças a funcionários e pacientes e familiares, o que gera vários transtornos ao regular andamento dos serviços e atendimentos no Hospital da Vida”, afirma trecho do ofício enviado ao MP.

Segundo a fundação, em alguns casos os detentos fingem um problema de saúde. “Algumas vezes simulam doenças para irem ao Hospital da Vida, porque têm ciência de que o hospital não conta com a mesma segurança e rigor encontrados na penitenciária, haja vista que ficam apenas sob a escolta do policial que acompanha o detento”.

Ainda segundo o documento enviado ao MP, no hospital o paciente recebe mais visitas (quando autorizadas pelo Poder Judiciário) do que receberia na penitenciária.

“Essas visitas não passam por uma revista detalhada, inclusive há risco de entrarem com drogas, armas ou outros objetos ilegais, uma vez que a segurança do hospital é feita por agentes patrimoniais. Não existe um afetivo policial suficiente, por vezes há apenas um ou dois policiais para escoltarem até seis presos”, reclama a Funsaud.

Agepen – Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) afirmou que o município de Dourados é pactuado à PNAISP (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional) e a PED já possui um setor de saúde que funciona como uma unidade da Secretaria Municipal de Saúde.

“Os encaminhamentos ao hospital são feitos a partir de determinação médica, e ocorrem apenas para atendimentos de casos de média ou alta complexidade, seja para consultas com especialistas, realização de exames que não têm como ser coletados na própria unidade penal, ou casos de internação”, afirmou a agência.

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