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Interior

Câmara não vai convocar suplentes de vereadores afastados

Dos 13 vereadores de Maracaju, 8 foram afastados ontem acusados de receber mensalinho

Helio de Freitas, de Dourados | 08/12/2022 10:16
Viaturas do Dracco em frente à Câmara de Maracaju durante operação ontem (Foto: Arquivo)
Viaturas do Dracco em frente à Câmara de Maracaju durante operação ontem (Foto: Arquivo)

A Câmara Municipal de Maracaju, cidade a 159 km de Campo Grande, não vai convocar os suplentes para ocupar as vagas dos oito vereadores afastados ontem (7) pela Justiça. Alvos da Operação Dark Money, da Polícia Civil, eles são acusados de receber mensalinho para apoiar o ex-prefeito Maurilio Azambuja (MDB).

O Campo Grande News conversou com vereadores da cidade não afetados pela decisão judicial e, segundo eles, até agora não há orientação jurídica para a convocação dos suplentes, pois não existe votação importante prevista para os próximos 30 dias.

O afastamento determinado pelo juiz Raul Ignatius Nogueira, da 2ª Vara Criminal, tem validade de 30 dias. Maracaju possui 13 vereadores e apenas cinco continuam exercendo o mandato.

Ainda ontem, o vice-presidente do Legislativo, Gustavo Duó (PP), assumiu a presidência em substituição a Robert Ziemann (PSDB), um dos afastados.

Já o segundo-secretário da Mesa Diretora, Oseias Carvalho Rodrigues (Republicanos), assumiu a primeira-secretaria em substituição a Antônio João Marçal de Souza, o “Nenê da Vista Alegre” (MDB).

Além de Robert Ziemann e Nenê da Vista Alegre, foram afastados Hélio Albarello (MDB) – que era o presidente em 2019 e 2020 - Laudo Sorrilha Brunet (PSDB), o segundo-vice-presidente Jefferson Lopes (Patriota), João Rocha (MDB), Ludimar Portela, o “Nego do Povo” (MDB), e Ilson Portela, o “Catito” (União Brasil).

Em nota oficial, a Câmara de Maracaju afirmou que seu departamento jurídico não teve acesso ao processo nem à integra da decisão de afastamento, mas apenas às intimações suspendendo os mandatos temporariamente.

“Segundo o disposto da Lei Orgânica, o vice-presidente substituirá temporariamente o presidente e da mesma forma o segundo-secretário substituirá o primeiro-secretário, providência essa necessária para dar andamento nas questões internas e financeiras da Casa”, afirma o Legislativo.

Mensalinho – Os oito vereadores afastados ontem e os três ex-vereadores (que não conseguiram se reeleger em 2020) são alvos da fase “mensalinho” da Operação Dark Money, deflagrada em setembro de 2021 pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado).

Essa nova fase identificou complexo esquema de pagamento de propina a vereadores de dezembro 2019 a novembro de 2020. Segundo o Dracco, as propinas eram pagas por ordem de Maurilio Azambuja, com anuência de outros servidores e integrantes da gestão municipal, e tinham como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos de interesse da prefeitura.

A investigação apontou pagamento de pelo menos R$ 1,3 milhão aos vereadores em apenas um ano do esquema. Segundo a polícia, os valores recebidos por vereador variavam de acordo com a influência e participação de cada um na gestão.

Hélio Albarello, então presidente, recebia mais que os outros. Segundo a polícia, recentemente, ele teria gastado pelo menos R$ 100 mil em viagens com a esposa a Dubai e Ilhas Maldivas.

Ontem foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão tendo como alvo os vereadores e ex-vereadores investigados, além de “laranjas” utilizados pelos parlamentares para recebimento das vantagens indevidas.

Durante os mandados, Hélio Albarello e Laudo Sorrilha Brunet foram presos por posse irregular de armas e munições. Também foram presos pelo mesmo crime o filho de Hélio, o comerciante Marlon Cambuhy Albarello, 42, e Benjamin Antonio Moreno Monges, 42, marido de uma das investigadas por ser “laranja” do esquema.

Dark Money - As investigações iniciadas em setembro de 2021 apuram desvios de pelo menos R$ 23 milhões do cofre público de Maracaju através de pagamentos feitos de uma conta clandestina aberta em nome da prefeitura, sem conhecimento ou auditoria dos órgãos de controle.

Na primeira fase, em 22 setembro do ano passado, servidores e ex-servidores foram presos, entre eles o ex-secretário municipal de Fazenda Lenilson Carvalho Antunes e o ex-prefeito Maurilio Azambuja. Todos respondem ao processo em liberdade.

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