Chefão do PCC fez documento falso na fronteira em nome de bebê morto
Segundo a Polícia Federal, “Minotauro” era protegido por policiais corruptos
Preso no dia 4 de fevereiro de 2019 em Balneário Camboriú (SC), o narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, apontado como responsável pela onda de violência até hoje presente na fronteira entre Paraguai e Brasil, tirou documentos falsos em um posto de identificação em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande.
A identidade tinha o nome de um bebê que havia morrido três dias após o parto, segundo investigações da Polícia Federal. Detalhes do caso foram revelados pelo colunista Josmar Jozino, do portal UOL.
Conforme a PF, “Minotauro” veio para o Paraguai em 2012 com a missão de ajudar o PCC (Primeiro Comando da Capital) a conquistar hegemonia do tráfico de drogas na linha internacional com Mato Grosso do Sul.
Depois de ganhar a confiança de líderes da facção criminosa no período em que cumpriu pena em presídios do oeste paulista, o bandido foi processado por tráfico de drogas em Bauru (SP) e declarado foragido. A saída foi se refugiar no Paraguai.
A investigação mostra que após a chegada dele na fronteira, a violência explodiu. Entre os crimes atribuídos a “Minotauro” na linha entre Pedro Juan e Ponta Porã estão as execuções do policial Wescley Vasconcelos, no dia 6 de março de 2018, da advogada paraguaia Laura Casuso, em novembro do mesmo ano, e do ex-vereador de Ponta Porã Chico Gimenez, tio do traficante Jarvis Gimenes Pavão, em janeiro de 2019.
Vida de luxo – Na mira da polícia da fronteira, “Minotauro” fugiu para o litoral de Santa Catarina, onde se instalou com outros documentos falsos, segundo a PF obtidos mais uma vez com a ajuda de policiais corruptos.
Aos 36 anos, o traficante foi morar com a mulher, uma advogada de 40, na cobertura do edifício Marina Beach Towers, em Balneário Camboriú. Conforme a investigação da PF, o aluguel mensal era de R$ 10 mil. Ele locou o luxuoso apartamento por um ano e pagou à vista R$ 130 mil.
Enquanto mandava matar os rivais no trecho mais violento da fronteira brasileira, “Minotauro” vivia cercado de luxo e brinquedos caros. Além do hangar que havia locado em Porto Belo (SC), onde embarcava com destino a Ponta Porã, ele tinha no apartamento dois relógios Audemars Piguet avaliados em quase R$ 1 milhão, quase R$ 700 mil em reais e dólares, 1.087 kg de joias em ouro e uma BMW comprada por R$ 167 mil e registrada em nome da empregada.
Entre a farta documentação apreendida pela Polícia Federal no apartamento de “Minotauro” estavam os projetos de construção de dois hangares em Ponta Porã e planilhas com pagamentos que tinha recebido no valor total de 15,8 milhões de euros pelo envio de cocaína para a Europa.
Os agentes federais também encontraram no notebook dele, segundo a reportagem do UOL, anotações de pagamentos de propina a policiais e agentes da fronteira dos dois países. Atualmente “Minotauro” está no Presídio Federal de Brasília, junto com a cúpula do PCC. Outro “hóspede” do local é o sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão.