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Interior

Jovem confessa caso com padre e diz que o matou após ser "forçado" a fazer sexo

Depoimentos revelam como grupo ajudou a ocultar o corpo e furtar objetos da casa do religioso

Por Bruna Marques e Helio de Freitas, de Dourados | 16/11/2025 11:56
Jovem confessa caso com padre e diz que o matou após ser "forçado" a fazer sexo
Leanderson de Oliveira Junior durante depoimento na delegacia (Foto: Reprodução)

Em depoimento à Polícia Civil, Leanderson de Oliveira Júnior, de 18 anos, confessou ter matado o padre Alexsandro da Silva Lima, de 44 anos, na noite de sexta-feira (14), em Dourados, após ser forçado a praticar sexo oral na vítima. O jovem disse que usou uma marreta e uma faca no assassinato e que após praticar o crime roubou o veículo Jeep Renegade com a intenção de vender por R$ 40 mil no Paraguai.

RESUMO

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Um jovem de 18 anos confessou ter assassinado o padre Alexsandro da Silva Lima, de 44 anos, em Dourados (MS). O crime ocorreu na noite de sexta-feira, quando Leanderson de Oliveira Junior atacou o religioso com uma marreta e uma faca, após alegar ter sofrido abuso sexual. O suspeito afirmou que planejava roubar o Jeep Renegade da vítima para vender no Paraguai. Após o crime, o jovem e outros três comparsas ocultaram o corpo em uma área de mata. O grupo foi detido quando circulava pela cidade com o veículo roubado. O padre, que era pároco em Douradina, foi encontrado enrolado em um tapete, com marcas de facadas no pescoço e ferimentos na cabeça.

O suspeito afirmou que conheceu o padre por intermédio de seu ex-cunhado e relatou que o religioso costumava buscar aproximação com jovens da região. Segundo ele, o padre se identificava apenas como Alex, abordava estudantes na porta da escola e oferecia pequenas quantias em dinheiro para encontros. Leanderson disse que esteve com o religioso na quarta-feira e retornou à casa dele na sexta, já com a intenção de roubar o carro e o dinheiro. Declarou ainda que o suposto abuso ocorreu quando ficou sozinho com a vítima.

Em depoimento, o jovem contou que usou uma marreta encontrada no imóvel para iniciar o ataque e disse que o padre ainda tentou se defender. Relatou também que utilizou uma faca para concluir a agressão. Após o crime, afirmou que tomou banho na casa, buscou a namorada e saiu pela cidade com um amigo de 17 anos, que, segundo ele, chegou ao local quando o padre já estava morto. Os três passaram por conveniências, encontraram conhecidos e depois seguiram em direção a casa de João Victor Martins Vieira, de 18 anos.

Jovem confessa caso com padre e diz que o matou após ser "forçado" a fazer sexo
Corpo da vítima foi encontrado enrolado em tapete ao lado de mata (Foto: Leandro Holsbach)

Leanderson revelou a João o que havia ocorrido e o levou até a casa da vítima, onde mostrou o corpo. João afirmou que sugeriu buscar uma solução, mas, ainda assim, o grupo continuou circulando pela cidade até a madrugada. Conforme a investigação, duas adolescentes auxiliaram na limpeza de portas e objetos, enquanto João recolhia itens da residência, como talheres, panelas, ventilador, bebidas e eletrodomésticos.

Após fazer um "limpa" na casa, o grupo enrolou o corpo do padre em um tapete, colocou no porta-malas do Jeep e saiu com todos no banco da frente. Os quatro seguiram até a região da Rua José Feliciano de Paiva, conhecida como Zé Tereré, onde deixaram o corpo. O grupo voltou para a casa de João Victor, rodou por outros pontos da cidade, limpou o carro e foi ao mercado por volta das 10h de sábado (15), quando a polícia os localizou com o veículo.

O desaparecimento do padre levantou um alerta quando familiares tentaram falar com ele e ouviram de uma mulher que o celular havia sido achado em um terreno baldio próximo ao IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). O filho dessa mulher identificou um telefone com símbolo religioso e disse que um Jeep Renegade circulava pela área à procura do aparelho. A equipe policial foi ao local e encontrou o veículo com Leanderson, João e duas adolescentes.

Jovem confessa caso com padre e diz que o matou após ser "forçado" a fazer sexo
Alexandro era pároco em Douradina e sumiu na noite de sexta-feira (Foto: Direto das Ruas)

Enquanto uma equipe abordava o grupo, outra realizava perícia na casa da vítima e identificava sinais de violência e sangue. Confrontado, Leanderson revelou onde estava o corpo e citou o amigo adolescente, de 17 anos, que confirmou ter estado na casa, mas negou envolvimento direto na morte e disse que limpou o rosto da vítima antes de ser deixado em uma conveniência. Ele declarou que recusou participar da ocultação do corpo e afirmou que Leanderson pretendia ficar com o carro.

A polícia reuniu provas com base em depoimentos, perícia no local, apreensão da marreta e da faca no porta-malas e localização do corpo. Os investigadores recuperaram o veículo e o celular da vítima, coletaram objetos furtados e pediram a extração de dados dos aparelhos apreendidos.

O delegado decidiu pela prisão em flagrante de Leanderson por latrocínio, ocultação de cadáver e fraude processual. João Victor recebeu voz de prisão por furto, ocultação de cadáver e fraude. O adolescente foi apreendido por ato infracional análogo ao crime de latrocínio, enquanto as duas meninas, de 16 e 17 anos, foram apreendidas por atos infracionais análogos aos crimes de furto, ocultação de cadáver e fraude. A Polícia Civil representou pela conversão das prisões em preventivas e pela manutenção das medidas socioeducativas.

O caso – De acordo com o delegado Lucas Albé Veppo, o crime está sendo investigado como latrocínio. A vítima morava no Jardim Vival dos Ipês, mas não era vista desde a noite de ontem. A polícia foi avisada sobre o sumiço após o celular do padre ser encontrado no bairro Jardim Canaã I.

As equipes continuaram em diligências até que, durante a madrugada, encontraram o carro do padre, um Jeep Renegade preto com dois homens. Os policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) abordaram o veículo e a dupla confessou o crime.

No início da tarde de ontem, o corpo de Alexsandro foi encontrado enrolado em um tapete, ao lado de uma área de mata, no Distrito Industrial. A vítima tinha marcas de facadas no pescoço e ferimentos na cabeça provocados por golpes de martelo. O padre foi morto na casa onde morava.

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Martelo e faca utilizadas no crime no porta-malas do carro (Foto: Leandro Holsbach)

Alexsandro era pároco em Douradina e, em 2018, já havia sido vítima de assalto. Na ocasião, ele teve a casa invadida por um ladrão armado e, ao chegar, foi rendido e obrigado a entrar no quarto, onde foi agredido. O criminoso fugiu levando o relógio, o celular e o Gol do padre. A vítima foi socorrida e três pessoas chegaram a ser presas na época com o carro roubado.

Em nota, a Arquidiocese de Dourados lamentou profundamente a morte do pároco Alexsandro da Silva Lima. Destacou que ele atuava na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Douradina, além de exercer funções de liderança na Diocese, como coordenador geral do Clero, assessor dos Diáconos Permanentes e da Pastoral da Acolhida. Padre Alexsandro também presidia a Comissão Regional de Presbíteros do Regional Oeste I da CNBB. A Arquidiocese ressaltou ainda que o sacerdote havia completado 44 anos em 13 de outubro e que sua ordenação ocorreu em 27 de agosto de 2011.

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