Sem ônibus para levar alunos, aldeia paralisa aulas em duas escolas
São mais de 500 alunos da área rural de Miranda que sofrem com a dificuldade de chegar até as escolas
Na aldeia dos índios Terena Lalima, em Miranda, a 201 km de Campo Grande, alunos das duas escolas da aldeia chegam a percorrer 3 km, a pé, para poder estudar. Isso porque o ônibus escolar, fornecido pela Prefeitura em 2015, só buscou os alunos durante 7 meses. Parado desde então, a falta de transporte motiva paralisação das aulas, que começariam na segunda-feira (18).
Alunos, pais, professores e lideranças indígenas decidiram a paralisação. A Escola Municipal Indígena Polo Presidente João Figueiredo e a Escola Estadual Indígena Professor Atanásio Alves atendem cerca de 580 alunos. Os estudantes vem de várias propriedades rurais e assentamentos, além da aldeia, que é distante 45 km da cidade.
É o que explica o professor e liderança Terena na aldeia Lalima, Claudinei de Souza. “Tem da aldeia, de fazenda e assentamentos, porque fica mais próximo deles. Em conversa com os pais, a comunidade escolar, lideranças, professores, em comum acordo decidiram suspender as aulas até que a situação do transporte escolar seja resolvida”, conta.
Segundo o professor, a falta de transporte faz com que ocorram muitas desistências de alunos, faltas e até migrações para outras cidades. Claudinei afirma que o ônibus foi cedido pela Prefeitura de Miranda durante um ano “eleitoreiro” e que só funcionou por 7 meses.
“Parou porque mudou de gestão, colocaram no ano eleitoral, era uma promessa antiga de campanha”, diz. Agora, explica, muitos alunos percorrem os trajetos a pé ou os pais acabam por leva-los de motocicleta. Além de tentar diálogo com a gestão municipal, Claudinei e outras lideranças vão procurar a SED (Secretaria Estadual de Educação) em Campo Grande.
A reportagem tentou contato com a Prefeita Marlene Bossay (MDB), com o vice Adailton Rojo (MDB), com a Prefeitura de Miranda e com a assessoria de imprensa da gestão, mas ninguém atendeu as ligações.