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Cidades

Para a PF, organização patrocinava futebol de MS para lavar dinheiro

Anahi Zurutuza | 21/11/2017 14:00
Equipe de buscas deixando o escritório da Company Consultoria (Foto: Liniker Ribeiro)
Equipe de buscas deixando o escritório da Company Consultoria (Foto: Liniker Ribeiro)

Para a Polícia Federal, que em conjunto com a Receita Federal deflagrou nesta terça-feira (21) a Operação Ouro de Ofir, os patrocínios da Company Consultoria Empresarial ao Campeonato Sul-mato-grossense de Futebol e a times do Estado serviam para lavar dinheiro.

A força-tarefa ainda vai se aprofundar na investigação, mas durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (21), o delegado federal Guilherme Guimarães Farias disse que há indícios que a doações fossem usadas para legalizar o dinheiro obtido com golpes “e também para dar legitimidade ao esquema”.

O esquema - A rede de golpistas teria feito ao menos 25 mil vítimas em todos os Estados brasileiros. Conforme o delegado Mazzotti, o grupo dizia que havia uma mina de ouro explorada na época do império e os valores referentes às comissões das vendas feitas para a Europa e aos Estados Unidos pertenciam a uma família de Campo Grande.

O golpe teria começado a ser aplicado em Mato Grosso do Sul por Celso Araújo há ao menos dez anos. Ele dizia ser herdeiro dos valores, aponta a PF. Celso Éder Gonzaga de Araújo, neto dele e atual dono da Company, assumiu os “negócios” definitivamente no mês passado, quando o avô morreu aos 69 anos.

De acordo com o delegado federal Cleo Mazzoti, os estelionatários integrantes da organização criminosa diziam que a família havia ganhado em uma ação internacional o direito a repatriação de R$ 3 trilhões, mas o acordo judicial previa que 40% do montante fosse distribuído para outros brasileiros.

“Com isso, eles cooptavam as vítimas. A pessoa investia R$ 1 mil e ganhava um contrato com firma reconhecido em cartório de que receberia R$ 1 milhão”, explicou o delegado na coletiva.

Outra modalidade de golpe era a promessa de liberação de uma antiga LTN (Letra do Tesouro Nacional).

A quadrilha chamava as supostas operações financeiras de SAP e Aumetal.

Bolsa com dinheiro apreendida em um dos endereços vasculhados (Foto: PF/Divulgação)
Bolsa com dinheiro apreendida em um dos endereços vasculhados (Foto: PF/Divulgação)
Pedras que seriam preciosas também apreendidas pela operação (Foto: PF/Arquivo)
Pedras que seriam preciosas também apreendidas pela operação (Foto: PF/Arquivo)

Operação – Policiais federais e servidores da Receita foram às ruas antes da 7h desta terça-feira (21) para cumprir 19 mandados – 11 de busca e apreensão, 4 de prisão temporária e 4 de condução coercitiva, em Campo Grande, em Terenos, Goiânia (GO) e Brasília (DF).

Além de Celso Éder, foram presos temporariamente Anderson Flores de Araújo e Sidney Anjos Peró. Um alvo está foragido. Eles, segundo a polícia, são “cabeças” do esquema em Mato Grosso do Sul.

O nome da operação, Ouro de Ofir, é inspirado em uma cidade mitológica da qual seria proveniente um ouro de maior qualidade e beleza. Tal cidade nunca foi localizada e nem o metal precioso que seria de origem dele.

Outro lado – O vice-presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Marco Antônio Tavares, disse que a única relação da entidade com a Company é a de patrocinado. “Nós recebemos um patrocínio e ele foi aplicado no futebol”, resumiu.

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