PF apura gravação de visitas íntimas no Presídio Federal
A Polícia Federal investiga a gravação ilegal de imagens de visitas íntimas no Presídio Federal de Campo Grande. Em dezembro do ano passado, vídeos foram apreendidos em casas de agentes penitenciários federais, mas só agora o teor é confirmado.
Não há justificativa oficial para a gravação realizada em ambiente não permitido pela legislação brasileira. Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários Federais, Yuri de Matos, a investigação corre em sigilo, por isso nem a entidade pode repassar detalhes sobre o caso.
O advogado do sindicato, Abadío Rezende, fala apenas em indícios de imagens feitas durante as visitas íntimas.
O Campo Grande News apurou que equipamentos profissionais foram instalados nas salas de visita íntima, onde os presos recebem as esposas e namoradas.
O sistema de monitoramento usado indica que o processo de instalação não ocorreu do dia para noite e por isso é levantada suspeita de que a administração do presídio tinha conhecimento sobre o fato.
O procedimento teria sido usado para evitar a articulação de ações do crime organizado fora da unidade penal que é tida como modelo de segurança máxima no País, com um preso por cela e o único contato entre eles durante o banho de sol diário.
No local estão, além do traficante Fernandinho Beira-Mar, chefes e integrantes de milícias cariocas como a "Liga da Justiça". Até agosto do ano passado, o traficante colombiano, Juan Carlos Abadia, também cumpria pena no presídio federal.
A investigação sobre as imagens já avançou, inclusive com indicação dos suspeitos pela instalação dos equipamentos e operacionalização do sistema, mas os nomes não são divulgados nem o tempo em que o sistema funcionou na unidade.
No presídio federal, o diretor-adjunto de plantão hoje, Ricardo Marques, disse desconhecer o caso e que apenas "Brasília" pode comentar o assunto.
A assessoria do Ministério da Justiça não retornou as ligações com pedido de esclarecimentos sobre a investigação.