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Cidades

Quadrilha da Lama Asfáltica abriu empresa no Paraguai para lavar propina

Rave LTDA seria de João Baird e Antônio Celso Cortez, ambos presos pela 6ª fase da Operação Lama Asfáltica

Mayara Bueno | 27/11/2018 17:00
Viatura da PF chega na Superintendência, em Campo Grande, na manhã desta terça-feira (dia 27). (Foto: Marina Pacheco).
Viatura da PF chega na Superintendência, em Campo Grande, na manhã desta terça-feira (dia 27). (Foto: Marina Pacheco).

Ambos alvos de prisão na 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, João Baird e Antônio Celso Cortez “supostamente” seriam donos de uma empresa de informática no Paraguai para lavar dinheiro fruto de “crimes praticados por meio das empresas Itel, Mil Tec e PSG”.

Segundo autos da 3ª Vara Federal, que autorizou as detenções e outras medidas da atual fase batizada Computadores de Lama, a empresa chamada Rave tem objeto social de digitalização de documentos, desenvolvimento de sistemas, gestão de serviços e gestão da informação.

No Youtube, conforme a decisão, consta um vídeo no qual menciona-se que a empresa é representante da PSG, cujo dono é Antônio Celso.

“Tudo leva a crer que a empresa RAVE S.A seja propriedade de Antônio Celso Cortez e/ou de João Baird, tendo Fábio [Fábio Portela Machinsky] e Luís Fernando [Luis Fernando de Barros Fontolan] como administradores locais da sociedade”. Os dois foram alvos de mandados de busca e apreensão e a Justiça também autorizou quebra de sigilo bancário e fiscal deles.

Documentação recolhida pela Controladoria Geral da União aponta que Antônio e Baird seriam os donos e teriam nomeado os outros dois como “testas de ferro”. A empresa paraguaia foi comprada, ainda de acordo com a investigação, por R$ 40 mil.

Fábio e Luiz teriam feito atividades como “prospecção de mercado”, “contatos iniciais no MIC”, “negociação final e locação do prédio sede”, “entrega de documentos”. Tais movimentações demonstram que Fábio seria administrador de empresa, “não seu proprietário”.

Para a investigação, por mais que o interesse da Rave tenha sido o de prestar serviços no território paraguaio, chama atenção a empresa ter sido colocada em nome de terceiros.

Outro fator apontado é que a abertura ocorreu em 2015, depois da deflagração da 1ª fase da Operação Lama Asfáltica, quando o foco foi fraude em obras públicas. Na 2ª, João Baird começou a ser alvo.

“Portanto, é razoável imaginar que, com o temor de que seus negócios pudessem estar sob investigação, João Baird e Antônio Cortez resolvessem abrir um negócio no Paraguai como meio de ‘lavar dinheiro’ oriundo de crimes praticados por meio das empresas Itel, Mil Tec e PSG”.

Baird e Antônio são tidos pela investigação como cabeças do esquema de desvio de dinheiro e envio ilegal de remessas para o exterior. Dono da PSG Tecnologia Ltda., Cortez é apontado na Lama Asfáltica como sócio e “testa-de-ferro” de Baird, dono de empresas –Itel e Mil Tec– do ramo da informática e que mantém contratos com o poder público.

Prisões

Apelidado de “Bill Gates Pantaneiro”, o empresário João Roberto Baird foi o primeiro preso a chegar à sede da PF (Polícia Federal) de Campo Grande para depor nesta manhã.

André Luiz Cance, também com mandado de prisão, já foi alvo de outras fases da Lama Asfáltica e se entregou no fim da manhã. Ele foi secretário adjunto de Estado de Fazenda, na gestão do ex-governador André Puccinelli. Antônio Celso também foi preso esta manhã.

Dos quatro alvos, resta Romildo Rodrigues, a quem a investigação atribui ser “laranja” de João Baird. O advogado dele, Tiago Bunnin, afirmou que seu cliente vai se entregar à PF na quarta-feira (dia 28), às 8 horas.

Computadores de Lama 

A PF, a CGU e a Receita Federal foram às ruas nesta manhã para cumprir 4 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão em Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos.

A força-tarefa apreendeu documentos na casa de João Baird, no Edifício Monterosso, na rua Antônio Maria Coelho, em frente ao Parque das Nações Indígenas, e o levou preso. Equipes estiveram ainda na casa de Cortez, no Bairro Vilas Boas.

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