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Boa Imagem

A estratégia de imagem da Virgínia na CPI das Bets

Quando falamos sobre imagem pessoal, a estratégia não engloba só a roupa, mas o comportamento e a comunicação

Por Larissa Almeida (*) | 16/05/2025 09:51

A internet parou nesta semana para falar sobre a aparição da influenciadora Virgínia Fonseca na CPI das Bets. Essa Comissão Parlamentar de Inquérito investiga a influência dos jogos de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro. E Virgínia foi convocada na condição de testemunha porque fez várias campanhas de marketing para casas de apostas nos seus perfis nas redes sociais.

Eu não vou nem entrar no mérito sobre como divulgar Bets é negativo para a imagem de qualquer um, e eu particularmente acho imoral, mesmo sendo legal. Mas o que gerou o burburinho não foi a pauta em si, e sim a roupa que a Virgínia escolheu usar na ocasião.

A influenciadora escolheu usar, para participar de uma CPI no Senado Federal, em Brasília, um moletom largo, com o rosto da filha estampado, jeans largo, tênis, pouquíssima maquiagem, cabelo solto displicente, óculos com armação arredondada e levou como acessório uma garrafa térmica cor de rosa toda adesivada com ilustrações fofas. Parecia uma adolescente saindo da escola.

É obvio que com todo o conhecimento que ela tem sobre a própria imagem e construção de sua carreira, visto é uma das influenciadoras mais seguidas do País, com 53 milhões de seguidores, ela pensou na vestimenta que iria usar de maneira estratégica. Tudo ali foi calculado para que transmitir inocência, fragilidade, um ar de displicência, ingenuidade e ao mesmo tempo uma mulher família com a foto da filha preferida nas redes.

Ela se vestiu para contar esta história: eu sou uma pessoa de valores, gente como a vocês e se fiz algo errado, foi sem nenhuma intenção. Sou mãe, sou família e não sei o que estou fazendo aqui.

E as pessoas perceberam essa estratégia da Virgínia porque os códigos visuais não mentem: linhas curvas nas roupas largas e elementos do universo infanto-juvenil no moletom estampado, jeans e tênis, garrafa de água cor de rosa adesivada, além de pouca maquiagem e cabelos quase sem pentear. Compararam a estratégia dela à de Suzane Von Richthofen no julgamento sobre o assassinato dos próprios pais. O mesmo moletom estampado e cabelo displicente estavam lá.

Mas a construção de um visual adolescente não cola (a não ser para seus próprios fãs) por conta da inadequação ao ambiente, e porque existem os outros dois pilares da imagem pessoal para serem levados em conta: comunicação e comportamento. E em vários momentos a comunicação e o comportamento não sustentaram a imagem de menina ingênua e avoada que ela quis mostrar: fez piada, respondeu em tom de deboche a várias perguntas e até bateu boca com a senadora Soraya Thronicke.

O fato é que, o que muda a percepção sobre a imagem de alguém é o que ela faz em 80% do tempo, e não nos outros 20%. Se uma pessoa tem um comportamento calmo e elegante e se veste adequadamente na maior parte do tempo, o dia em que perder a paciência ou sair de roupa furada não fará diferença na percepção do outro.

A Virgínia poderia ter usado outros códigos visuais não tão óbvios para comunicar o que ela queria. Uma camisa branca, uma calça de tecido liso e cor sóbria e um mocassim teriam feito este papel.

Enfim, é preciso se lembrar que não adianta uma roupa bem pensada se o comportamento e as escolhas de vida não estão contando a mesma história.

(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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