Henrique é o advogado que adora transformar o juridiquês em linguagem acessível
Filho de advogado autodidata, Henrique Lima faz do Direito ponte para comunicação clara
Por quase uma década, o advogado Henrique Lima assina semanalmente a coluna Compartilhando Justiça no Campo Grande News. São textos que descomplicam o juridiquês e tentam entregar ao leitor algo raro: clareza em meio ao labirinto das leis. Mas por trás do colunista e do escritório com mais de 100 colaboradores, há um homem que, como ele mesmo diz, é “um curioso apaixonado por compartilhar conhecimento”.
“Eu não sou mais inteligente que ninguém. Apenas me esforcei e consegui. Todo mundo pode conseguir”, contou no podcast Virada de Chave.
Henrique nasceu em Campo Grande, filho de um exemplo improvável. Seu pai, Cícero, veio do Ceará ainda criança, trabalhou em fazendas, alfabetizou-se adulto e só depois dos 50 anos conseguiu se formar em Direito. “Ele ficou anos tentando passar na OAB, insistiu quando muitos já teriam desistido. E conseguiu. Isso me marcou”, lembra Henrique.
Foi do pai a reverência ao saber, e da infância, a certeza: seria advogado. “Eu não tive segunda opção de vestibular. Sempre quis a advocacia privada. Nunca pensei em concurso. Nunca.”
Henrique começou cedo: ainda no ensino médio já estagiava em escritórios. Pagou parte da faculdade com o próprio trabalho e logo descobriu que o Direito exigia mais do que boas notas. “Percebi que não adiantava ser apenas técnico. O advogado que não sabe se comunicar perde espaço. E se for só comercial, sem profundidade, também não se sustenta. Eu precisei buscar os dois lados.”
Hoje, com pós-graduações, mestrado e nove livros publicados, ele confessa: gosta de falar fácil sobre o que os outros complicam. “Quem realmente entende um assunto não precisa se esconder atrás de palavras difíceis. Explica com clareza.”
Entre tantas histórias, lembra de quando encontrou, por acaso, uma reportagem sobre moradores prejudicados por uma siderúrgica em Aquidauana. “Peguei o carro, bati de porta em porta e convenci vizinhos a me dar procurações. Entrei com mais de 200 ações.” Não foi o caso que rendeu fortuna, mas orgulho: “Era sobre enxergar oportunidades de justiça onde ninguém estava olhando.”
Se pudesse viver sem pensar em dinheiro, Henrique se imagina professor universitário, pedalando de bicicleta até a sala de aula. “Dar aula sempre foi uma paixão. Hoje escrevo porque é a forma que encontrei de continuar ensinando.”
Pai de três filhos, apaixonado por ciclismo, leitor de geopolítica e espiritualidade, ele também empreende em tecnologia e loteamentos, mas sempre com um pé firme no Direito. “Uso ChatGPT todos os dias, mas não para escrever por mim. Eu escrevo, ele revisa. Escrever é minha terapia.”
Conselhos de quem já virou a chave
Em 22 anos de carreira, Henrique já viu colegas desanimarem, já enfrentou fases de vacas magras e já comemorou vitórias improváveis. Aos novos advogados, deixa três pilares:
- Estudo técnico sólido.
- Comunicação clara.
- Mentalidade empreendedora.
E uma advertência: “Não pare de plantar. O que você colhe hoje é fruto do que plantou anos atrás. Se parar, lá na frente vai faltar.”
No fim, o advogado que escolheu não defender bancos nem instituições financeiras resume sua escolha com simplicidade: “Posso usar meus talentos para oprimir ou para proteger. Escolhi proteger. É isso que me faz dormir em paz.”