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Em Pauta

Camelias foram o símbolo da luta contra a escravidão

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 14/05/2024 07:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Em 13 de maio de 1.888, o Brasil se converteu no último país em eliminar legalmente a famigerada escravidão. Esse ato formal só veio depois de uma campanha de associações abolicionistas que usaram como símbolo a flor de camélia e mais de 5.000 quilombos tinham sido construídos. O Brasil se tornou independente de Portugal na mesma época em que o México, Chile e Colômbia ficavam livres do jugo espanhol. Mas duas diferenças se impõem: o Brasil continuou um país de reis e nobres; os outros, viraram repúblicas. No processo de libertação, os demais países latinos libertaram seus escravos, enquanto o Brasil continuou a explorar a indecência escravista.


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Pequenas Áfricas.

O Brasil alcançou seu apogeu escravista na década de 1.840. Recebia nada menos de 83% dos escravos que chegavam em qualquer país das três Américas. Somente 12% iam a Cuba, o segundo maior receptor de escravos no período. Em 1.849, havia no Rio de Janeiro 111.000 escravos sobre um total de 266.000 habitantes. Muitos bairros davam a impressão de ser uma pequena África.


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Cadê o escravo que estava aqui?

Mas eles não paravam de fugir das fazendas, das lojas, das residências e das igrejas (isso mesmo, os padres tinham escravos). O censo de 1.887 espelha bem essa realidade. No censo de 1.872 foram contabilizados 1.600.000 escravos no Brasil - algo como 15% da população - já o censo de 1.887 trouxe como resultado 720.000. Em torno de 880.000 escravos tinham desaparecido em cinco anos. O Ceará e o Amazonas passaram por cima de Pedro II e seus nobres declarando a libertação dos escravos. Esses nobres sem nobreza alguma, perdiam poder a cada dia para continuar a prender os africanos e seus descendentes.


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Uma flor delicada inspira a força da libertação.

Uma imensa movimentação tinha conquistado as ruas do país. Foi quando surgiu um símbolo tão inesperado como irresistível, uma delicada flor que havia sido introduzida no país no início do século XIX: a camélia. Parece que a ideia de usar essa flor como símbolo da abolição veio de um peça teatral de Alexandre Dumas, que conquistou o mundo, sob o título de "Dama das Camélia". Na obra, a cortesã parisina Marguerite Gautier, fatalmente enamorada do estudante Armand Duval, assistia a estreias teatrais levando um ramo de camélia. Seja como for, o fato é que todos os homens a favor da abolição levavam uma camélia no bolso de suas camisas ou ternos. As mulheres prendiam uma camélia com alfinetes em seus vestidos. Nas peças teatrais, lançavam camélias no público enquanto levantavam fundos para emancipar um ou mais escravos. E um rico fabricante de maletas resolveu criar uma fazenda de escravos fugitivos que aprenderam a plantar camélias com uma técnica quase desconhecida no país. A escravidão foi cruel e sanguinária, mas a abolição foi bela como um flor.
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