É verdade que vitamina C previne gripes e resfriados?
Em 1.970 o químico Linux Pauling publicou um livro intitulado “A vitamina C e o resfriado comum”, em que aconselhava tomar grandes doses diárias desse nutriente para conseguir uma saúde ótima, especialmente contra a gripe e o resfriado. Não estamos falando de um cientista qualquer: Pauling é uma das cinco pessoas que tem dois prêmios Nobel, e a única que em ambos casos o ganhou sozinho, sem compartilhar com outros. Sob o poder midiático de Pauling, foi construída uma gigantesca e milionária industria de vitamina C.
Popular como nenhum outro comprimido.
Hoje, a ideia da vitamina C contra gripe e resfriado está popularmente arraigada, até o ponto de que inclusive medicamentos contra gripe e resfriado a incluem em sua composição. Tudo isso levaria a supor que é garantida, mas é verdade que funciona?
A medicina ortomolecular.
Pauling soube das possíveis qualidades da vitamina C - também conhecida como ácido ascórbico - em 1.966, através do bioquímico Irwin Stone, que havia testado com esse composto como conservante alimentar. A vitamina C já era conhecida antes de Stone. Desde 1.912, quando foi identificada como o fator - presente em certos alimentos, como os cítricos - que prevenia o escorbuto, enfermidade típica dos marinheiros: “ascórbico significa anti escorbuto”. Foi de Stone a ideia de que uma megadose de vitamina C era o segredo da saúde e da longevidade. Pauling foi mais além e incorporou essa hipótese a que chamou de “medicina ortomolecular“, baseada em suplementos alimentares em altas doses. Em seu livro, recomendava tomar minimamente 2,3 gramas de vitamina C, o equivalente a mais de 30 laranjas.
Não conseguiriam conquistar o apoio dos cientistas.
Desde então, a terapia megavitiminica e a medicina ortomolecular não conseguiram lograr o apoio da comunidade científica, que lhes acusa de falta de evidências sólidas. Com respeito às vitaminas em geral, vendidas em farmácias, a visão atual considera que as doses excessivas são prejudiciais à saúde.
Testes com 400.000 pessoas.
Há grande número de estudiosos tentando coibir o uso de vitamina C e de suplementos vitamínicos. O último grande estudo até esta data, de 2.024, não encontrou nenhuma evidência de que esses comprimidos alarguem a vida em uma amostra de quase 400.000 pessoas. Pelo contrário, associaram a uma mortalidade ligeiramente maior. Praticamente todos os especialistas apontam que os micronutrientes devem ser originados em uma dieta saudável, jamais de comprimidos. Também mostram que vitamina C em excesso pode ser nociva em pessoas com problemas renais, em tratamento oncológico e com outra lista de enfermidades. E, em altas doses, provocam diarreia.
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