O 1º julgamento na rádio foi a tentativa de proibir o darwinismo
Há 100 anos, nos Estados Unidos rural ocorreu um julgamento que merecia um filme e uma peça teatral. O filme foi rodado em 1.960 e levou o título de “Herança do Vento", de Stanley Kramer. É a ficção do famoso litígio em que John Scopes, um jovem professor de biologia, foi levado a um tribunal sob a acusação de ensinar a evolução darwinista. Julgamento que ficou conhecido como o “Macaco de Scopes”. Um marco na eterna batalha entre o pensamento cientifico contra o negacionismo baseado em crenças. Um conflito que, por incrível que pareça, continua existindo.
Em uma igreja batista….
A história começa em um domingo de 1.921 com um sermão na igreja batista de Dayton, no Tennessee. Um pregador relata como uma mulher perdeu a fé depois de assistir um curso sobre evolução na universidade. Entre os fiéis se encontrava um rude fazendeiro chamado John Butler, que não se limita a escandalizar-se como os demais. Aterrorizado pela possibilidade de que alguns de seus filhos siga o mesmo caminho daquela mulher, no ano seguinte se apresenta às eleições para o correspondente a nossos deputados estaduais. Uma só promessa é feita por Butler: em nenhum centro educativo publico se ensinaria a teoria de Darwin.
Multa de 9.000 dólares.
Uma vez eleito, Butler redigiu a lei na mesma manhã em que fez 49 anos. O texto condenava a uma multa de 9.000 dólares a todo professor que ministrasse aulas sobre “qualquer teoria que negue a história da criação Divina do homem como ensina a Bíblia”, por exemplo afirmando que “o homem descende de uma ordem inferior de animais”. A lei foi aprovada por 71 votos a favor e tão somente 5 contra. E foi ratificada pelo governador Austin Peay em 1.925.
O julgamento mais importante da história do rádio.
O debate chegou às ruas. A Liga pelas Liberdades Civis se propôs pagar todas as multas que professores fossem sancionados por ensinar a evolução. E o julgamento se tornou tão importante que foi parar nas rádios. A cidadezinha virou uma feira, onde não faltaram os macaquinhos de circo. Descobriu-se que o professor Scopes era de educação física e não de biologia. Estava apenas substituindo o professor titular da matéria e, fundamental, adotava o livro que o governo do Estado do Tennessee distribuia nas escolas. Foi apenas um teatro, o darwinismo já era lecionado no mundo todo há dezenas de anos. Mas, como tudo que dá voto, no ano seguinte foi a vez do Arkansas promover circo idêntico. Atualmente o darwinismo é majoritário entre o publico com 67%, o criacionismo é aceito por tão somente 18%.
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