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Em Pauta

O dinheiro surgiu para comprar cerveja. A história de Kushim

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 15/11/2025 09:35
O dinheiro surgiu para comprar cerveja. A história de Kushim

O primeiro ser humano que conhecemos o nome foi Kushim. Ele nos legou a contabilidade de um armazém de cerveja na Mesopotâmia. Não resta qualquer dúvida, inventaram o dinheiro para negociar cerveja. Não é uma história épica porque na maioria do tempo não estamos vivendo paixões fervorosas ou fazendo guerra. A verdade é que ocupamos a maior parte do tempo produzindo, consumindo, comprando ou vendendo, economizando ou gastando. Quer dizer, usando o dinheiro.

O dinheiro surgiu para comprar cerveja. A história de Kushim

O armazém de Kushim.

Mais de cinco mil anos atrás, na Mesopotâmia, um homem chamado Kushim recebeu um lote de cevada. Estava destinada a produzir cerveja. Kushim tomou esse lote de cevada como empréstimo por um período de tempo especificado em contrato: dois anos e meio. Com uma taxa de juros anual de 33,33%, o que era considerado normal.

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Pressão lascada. Escravidão?

Dois anos e meio era tempo suficiente para produzir muita cerveja, vendê-la, gerar receita, saldar o empréstimo e começar tudo de novo. Mas as coisas podiam dar errado, claro. Kushim estava preocupado, vivia sob uma enorme pressão. Conseguirá fazer a cerveja? Quitar o empréstimo? Nos tempos antigos não pagar um empréstimo significava escravidão do tomador do empréstimo ou de seu filho. O risco era alto.

O dinheiro surgiu para comprar cerveja. A história de Kushim

Reza Kushim.

Tarde da noite Kushim rezava por uma produção abundante de cerveja. Fez as contas. Para quitar a dívida, teria de tomar emprestado outro lote de cevada, para incluir o pagamento dos juros e para ter algum lucro no final de muito trabalho e apreensão. Kushim também entendeu que tinha de torcer para que os agricultores de sua região na Mesopotâmia tivessem uma boa colheita de cevada. Assim o preço cairia e Kushim teria um bom lucro. A flutuação do preço futuro da cevada é o maior fator de risco.

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O dinheiro nasce valioso com seu próprio preço.

Imaginar as noites insones de Kushim e suas preocupações financeiras faz com que ele pareça um homem moderno. O fato de lhe cobrarem juros também implica que o dinheiro tivesse nascido valioso o suficiente para ter seu próprio preço. Nasce, portanto, como uma mercadoria fundamental para aquele povo. O dinheiro podia ser negociado, emprestado e tomado como empréstimo a um preço próprio. Com a divida veio a noção de valor do tempo, que, por sua vez, trouxe o conceito do preço do dinheiro: a taxa de juros. Um avanço gigantesco para a humanidade. Era a primeiro vez que os humanos conseguiam projetar um futuro imaginado. Compare com o nascimento das leis. Estas, vão crescendo, melhorando, se especializando, muito lentamente. O dinheiro nasce como um ente complexo e completo. Um bólido. A lei foi uma bicicleta com pneu murcho. O dinheiro, uma Ferrari.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.