Paranaíba e a primeira igreja do MS, construída pelo padre Fleury
Em 1.836, erigiu-se a primeira igreja do MS, graças à iniciativa da família Garcia, pioneiros daquela região, e do padre Francisco Sales Fleury. O padre estava investido no cargo de capelão, isto significa que era encarregado da assistência espiritual dos poucos moradores de Paranaíba.
Padre também era chefe politico.
Não há momento na história deste Estado em que os padres não tivessem força politica. Um deles, Dom Aquino Correa, chegou a governar o território ainda uno do MS e MT. Também é o caso do padre Fleury, oriundo de Franca, cidade paulista que legou a maioria dos habitantes de Paranaíba. Disputava com os fazendeiros locais o comando do vilarejo pouco habitado.
O poder econômico e espiritual do Fleury.
O referido pároco exercia poder econômico que envolvia terras, escravos, agregados e homens livres de poucas posses. Por mais de trinta anos, Fleury desempenhou papel social de suma importância. Era o responsável pela realização de casamentos, batizados, rezas e missas. Cerimônias que absolutamente todos valorizavam como essenciais.
O poder de Fleury aumenta.
A força politica do padre Fleury tornou-se mais visível com o processo de superação do escravismo. Em uma tentativa de agradar os fazendeiros que perdiam escravos ou passavam a ter maiores dificuldades para comprá-los, o governo passou a utilizar um mecanismo jurídico que dificultava a aquisição de terras pelo pequenos proprietários ou por trabalhadores livre e sem terra. Como a escravidão estava condenada, facilitaram o aumento de hectares de terra para os maiores fazendeiros. As terras deixavam de ser entregues sem ônus.
Como trocar escravo por terra. O papel do pároco.
A primeira troca de escravos por terra no Mato Grosso do uno ocorreu em 25 de marco de 1.872. Nesse dia, libertaram 62 escravos. O fazendeiro tinha de fazer um juramento à Constituição. Entre 1.872 e 1.873, os fazendeiros deveriam registrar seus cativos nas coletorias dos municípios. Em um livro aberto especialmente para essa finalidade, os escravizadores tinham de indicar o nome e uma serie de outras informações de cada escravizado que possuíam. As coletorias eram compostas pelo promotor público, pelo coletor e pelo presidente da Câmara. Por outro lado, os párocos deveriam fornecer informações sobre os nascimentos e óbitos dos cativos. Foi assim que Fleury viu seu poder subir aos céus. Tornou-se uma das figuras mais importantes de Paranaíba.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.






