O melhor laçador da história e o feitiço do Papa-Lagarta
O sertão do Mato Grosso do Sul conheceu seu melhor laçador. Ramão Ozeda não errava pialo nem tiro de laço. Era o melhor campeiro da região. Morreu vitimado por uma faísca elétrica na Fazenda Margarida, localizada na fronteira com o Paraguai. O laço famoso do mestiço de mãe indígena com brasileiro, desapareceu. Mas Ramão tinha um segredo para jamais errar uma laçada: carregava o bico de um Papa-Lagarta.
De papo-cheio.
Bicudo, rabão duro, caçando lagartas, para engoli-las com espantosa velocidade, o Papa-Lagartas era famoso por estas bandas. Dava bicada sempre certeira, nunca errava, a lagarta se retorcia para desaparecer no papo do Papa-Lagarta. Sabia onde estava seu manjar: oco de pau podre, nas folhas largas e até nas verduras. Ficava de espreita. Largava o voo agilmente e saia com o bichinho no bico retorcido e de grande resistência. Oito, dez voos e… pronto. Estava de papo cheio.
O feitiço da ave certeira.
Se o Papa-Lagarta nunca errava a bicada, quem carregasse o bico dessa ave, jamais erraria uma laçada. Era o credo do sertão. O campeiro deveria furar o bico e colocá-lo no arreio, no lado esquerdo. Somente no lado esquerdo, perto do laço. Foi com essa mandinga que Ramão Ozeda ganhou fama.
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