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Em Pauta

Vaqueiro, o homem que fugia do fisco e das autoridades

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 22/05/2025 07:20
Vaqueiro, o homem que fugia do fisco e das autoridades

Vaqueiro, pecuarista, fazendeiro e, agora, produtor rural. Muitos nomes para um só homem. Homem que se fez sozinho, sem o auxilio de governantes, desde os primórdios. Sua característica inicial era não desejar relação alguma com as autoridades, especialmente com os coletores de impostos. Em pouco difere atualmente, conserva o mesmo ranço e aversão aos cofres públicos.


Vaqueiro, o homem que fugia do fisco e das autoridades

A expansão pastoril.

Depois de descobertas, percorridas e conquistadas definitivamente dos indígenas e dos padres jesuítas espanhóis, a cultura pastoril, fundamentalmente rústica, pouco deixou de documentos e estudos. Mal vista pelos historiadores e autoridades portuguesas, pois não pesava no fisco, não contribuía senão com parcela diminuta. O vaqueiro sempre demonstrou uma enraizada aversão ao domínio e à repressão policial.


Vaqueiro, o homem que fugia do fisco e das autoridades

Cadê os documentos pastoris?

Quem se dedica a estudar os primórdios de nossa história, encontrará na cultura canavieira cronistas e homens de pena a ela dedicados. Escreveram livros, cartas, documentos em que contaram tudo que havia de curioso. O formidável “rush” da lavoura cafeeira, encontrou aqueles que explicaram seus rumos e peculiaridades. O drama da mineração foi além, produziu poetas, narradores e historiadores. Só a cultura pastoril não teve essa sorte. Ficou presa a seu destino ingrato. Nômade e dispersiva, deixou pouquíssimos documentos. Eles existem, embora raros. Mas não tem abundância de detalhes, não possuem riquezas de dados.


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Os campos da Vacaria.

Desde a época da penetração espanhola no território que hoje é o Mato Grosso do Sul, o gado acompanhou os jesuítas e aventureiros que vieram para a região de Navirai e, logo a seguir, para a de Aquidauana e Miranda. É daí que nascem as boiadas que formarão os campos da Vacaria. O nome diz tudo, uma imensa região que vai de Guia Lopes a Nova Andradina, lotada de vacas e touros bravios, chucros, todavia, signos de esperança de uma vida melhor.


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E os campos de Paranaiba.

O outro percurso percorrido pelo gado vem das Minas Gerais. Empobrecida, com as lavras de ouro escasseando, alguns vaqueiros se aventuraram pelos lados de Paranaíba - então chamada Santana (Santa Ana). Em verdade, eles buscavam chegar aos campos da Vacaria. Mas foi nas bandas de Paranaíba que constituíram as primeiras fazendas, os primeiros pousos. Vinham impelidos pelas intempéries, pela seca, pela pobreza das pastagens. Corriam em busca de um pouso definitivo.


Vaqueiro, o homem que fugia do fisco e das autoridades

O terceiro braço da expansão pastoril.

Inflectiram para o norte. Foram buscar o Rio Verde e o Sucuriú. Deve ter sido Coxim a origem da primeira marcha em direção ao Pantanal, antes, provavelmente, do movimento orientado para os campos da Vacaria. O rumo era em direção às posses dos índios Guaicurus. A expansão se desdobrou atingindo as fronteiras bolivianas do Guaporé, no vizinho Mato Grosso. É curioso apontar que, desde essa época de ocupação do território pelo gado, a expansão não conseguiu infiltrar-se na Amazônia. Tal como hoje, o vaqueiro era figura mal vista naquela região.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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