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Economia

Comerciantes recorrem à "compensação" para manter preços de carne e gasolina

Apesar da queda na arroba do boi e da alteração na composição do combustível, o consumidor paga o mesmo valor

Por Ana Paula Chuva | 05/08/2025 13:19
Comerciantes recorrem à "compensação" para manter preços de carne e gasolina
Frentista abastecendo veículo em posto de combustíveis da Capital (Foto: Marcos Maluf)

Apesar da queda na arroba do boi e do aumento do percentual de etanol anidro na gasolina, os preços para o consumidor final não tiveram queda em Campo Grande na última semana. Mas por que não há mudança? Em resumo, a redução não acontece para compensar o comerciante.

RESUMO

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Comerciantes de Campo Grande mantêm preços estáveis de carne e gasolina, apesar da queda na arroba do boi e do aumento do percentual de etanol anidro na gasolina. Segundo o Sicadems, a manutenção dos valores serve para compensar períodos anteriores em que os aumentos não foram repassados ao consumidor final. No caso dos combustíveis, o Sinpetro-MS explica que não houve redução porque o etanol anidro, que compõe 30% da mistura, tem custo superior ao da gasolina. Na capital, o preço médio do combustível permanece em R$ 5,76, enquanto no interior chega a R$ 7,08.

Na sexta-feira (1º), a Granos Corretora divulgou que a arroba do boi registrou queda de R$ 17,24, no entanto, o valor não mudou nas prateleiras dos açougues e supermercados. Ao Campo Grande News, o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), explicou que isso acontece para compensar os dias de alta.

“Quando o valor da arroba diminui, os frigoríficos repassam a redução para o varejo. No entanto, o mercado final nem sempre repassa essa redução, porque, quando houve alta nos preços, o varejo segurou os aumentos. Isso ocorre para compensar o aumento que não foi repassado ao consumidor final”, explicou Régis Comarella.

O valor da arroba no dia 31 de julho estava em R$ 293,04. Ontem, o preço subiu R$ 3,69, chegando a R$ 296,73 em Mato Grosso do Sul.

Já para a gasolina, de acordo com o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos, Lubrificantes e Lojas de Conveniência), não há redução de preços porque o etanol anidro é mais caro que o combustível que sofrerá a adição.

“Os preços médios da gasolina em Mato Grosso do Sul não sofreram alterações porque a mistura de 30% do etanol anidro na gasolina em nada afetou o valor do combustível. O etanol anidro é mais caro que a gasolina, então não há por que existir redução”, explicou o diretor executivo do Sinpetro, Edson Lazarotto.

Segundo a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo), entre os dias 27 de julho e 2 de agosto, o preço médio da gasolina comum em Campo Grande era de R$ 5,76, com o valor mais alto sendo de R$ 5,99. Já no interior, o preço chegou aos R$ 7,08, com uma média de R$ 6,15 por litro.

Em Campo Grande, o preço do etanol está em R$ 3,57, enquanto a gasolina varia entre R$ 5,57 e R$ 5,64, segundo levantamento em postos Alloy. Para Renan Moreschy, 31 anos, que já foi motorista de aplicativo e hoje atua como montador de móveis, o etanol ainda é a melhor escolha. “Abasteço na maioria das vezes com álcool, acho que compensa mais. A gasolina deu uma estabilizada, faz tempo que não sobe mais”, comenta.

Comerciantes recorrem à "compensação" para manter preços de carne e gasolina
Renan conta que gasta entre 40 e 50 reais de combustível por dia (Foto: Marcos Maluf)

Morador das Moreninhas, ele conta que ainda percorre longas distâncias para atender os clientes, como no dia em que cruzou a cidade até o São Conrado, trajeto de mais de 30 minutos. Atualmente, gasta entre R$ 40 e R$ 50 por dia com combustível, bem menos do que os R$ 110 a R$ 120 diários da época em que dirigia por aplicativo.

Já o empresário Ricardo Mourão, de 38 anos, que trabalha com venda de veículos e percorre toda a cidade diariamente, avalia que a mudança no percentual de etanol misturado à gasolina não trouxe impacto no preço final. “Para mim, aumentou o percentual de etanol, então deveria abaixar o preço da gasolina, mas manteve o mesmo”, critica. Ele abastece todos os dias e afirma não ter sentido diferença no valor cobrado nos postos.

Claudinei Barbosa, 44, é motorista de confeitaria. Ele contou que abastece R$ 200 a cada 3 dias "Senti que deu uma abaixada, mas em alguns postos, a maioria manteve o mesmo. Isso nos últimos dois meses, mas coisa pouca, 2 a 3 centavos. A gente viu uma diferença, procura abastecer em postos com bandeira boa e preço melhor".

Comerciantes recorrem à "compensação" para manter preços de carne e gasolina
Cliente comprando carne em açougue (Foto: Marcos Maluf)

Nas ruas -  Dono de uma casa de carne no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, Junior Benites, 35, contou que compra a carcaça com vários cortes e que sentiu a mudança no preço por quilo a partir de 50 pedaços.

"Nos últimos 15 dias senti essa diferença. Os clientes reclamam do preço e perguntam se a gente não vai abaixar, mas não tem como mexer na tabela assim. O corte que tem mais diferença é a costela, que baixou R$ 2", explicou o comerciante.

Já o motorista José Soares de Souza contou que vai todos os dias ao mercado conferir o valor do produto e não sentiu nenhuma diferença nos preços. Ele conversou com a reportagem em um mercado no Bairro Tiradentes, momento em que foi fazer a análise semanal.

"Não percebi nenhuma baixa nos preços. Às sextas tem promoção, mas, durante a semana, não dá muito para comprar, não, e, geralmente, só abaixam os valores do miolo da paleta, miolo da agulha; as mais nobres não abaixam, não", afirmou José.

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