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Economia

MS fica entre mais afetados por tarifa extra dos EUA, aponta estudo

Estado integra grupo dos chamados 'estados-onça brasileiros', termo ligado à forte vocação agroexportadora

Por Ângela Kempfer | 02/08/2025 11:28
MS fica entre mais afetados por tarifa extra dos EUA, aponta estudo
MS integra o grupo dos chamados “Estados onças brasileiras”, pelo poder do agro (Foto: Onçafari)

A inclusão de 694 produtos brasileiros na lista de exceções à tarifa adicional de 40% anunciada pela Casa Branca não trouxe alívio concreto para Mato Grosso do Sul. De acordo com estudo da consultoria Futura, em parceria com a Apex Partners, publicado pelo jornal Valor Econômico, o Estado segue entre os mais prejudicados pela medida protecionista dos Estados Unidos.

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Mato Grosso do Sul permanece entre os estados mais afetados pela tarifa adicional de 40% imposta pelos Estados Unidos, mesmo após a isenção de 694 produtos brasileiros. Segundo estudo da consultoria Futura e Apex Partners, o estado integra o grupo dos "Estados onças brasileiras", caracterizado pela forte dependência do agronegócio e alta vulnerabilidade a restrições comerciais. O estudo revela que os principais produtos exportados por MS, como celulose, carne bovina, soja e minério de ferro, não foram contemplados nas exceções tarifárias. A medida beneficia principalmente estados com economias mais diversificadas, especialmente do Sudeste e Sul do país, reforçando as desigualdades regionais na matriz exportadora brasileira.

O levantamento revela que MS integra o grupo dos chamados “Estados onças brasileiras”, um termo usado para identificar unidades federativas com forte vocação agroexportadora e alto grau de vulnerabilidade diante de restrições comerciais.

Além de Mato Grosso do Sul, fazem parte do grupo Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Tocantins. São estados com perfil produtivo semelhante: concentrados em commodities agrícolas e industriais de baixo valor agregado, cuja pauta de exportação está fortemente ancorada no agronegócio, mineração e produtos florestais. No caso de MS, destacam-se a celulose, a carne bovina, a soja e o minério de ferro. A maioria desses itens não está entre os beneficiados pela isenção da tarifa, o que limita os efeitos práticos da medida anunciada por Washington.

O estudo aponta que os produtos contemplados nas exceções, como itens de tecnologia, cosméticos, máquinas e manufaturados com maior valor agregado, refletem os interesses de estados com economias mais diversificadas e base industrial consolidada, especialmente do Sudeste e Sul do país.

Na prática, o tarifão imposto pelos EUA acaba por reforçar desigualdades regionais dentro da própria matriz exportadora brasileira, penalizando mais severamente os entes federativos cuja economia depende de bens primários com baixa diversificação de mercados.

Segundo a análise, Mato Grosso do Sul está entre os 10 estados com maior risco comercial diante da nova política americana. O estudo cruzou dados de volume exportado, tipo de produto e percentual atingido pela tarifa adicional, o que resultou em um mapa de impacto estadual. Os "Estados onças", apelido que remete à força produtiva, mas também à fragilidade diante de choques externos, respondem por parcela significativa das exportações brasileiras, mas têm baixa inserção em cadeias produtivas globais de maior sofisticação.

Apesar da publicação da lista de exceções ser vendida como sinal de abertura para o diálogo, o levantamento da Futura/Apex reforça que a maioria dos setores produtivos em Mato Grosso do Sul permanece desprotegida e exposta à elevação dos custos de comercialização com os Estados Unidos.

A medida, além de afetar diretamente a competitividade de produtos locais, também pressiona o câmbio e amplia o custo logístico para empresas instaladas no Estado, especialmente aquelas ligadas à cadeia da celulose, proteína animal e grãos.

A pesquisa ainda alerta que, se não houver um plano de transição que diversifique a pauta exportadora e agregue valor à produção, estados como Mato Grosso do Sul continuarão enfrentando os maiores riscos em períodos de instabilidade comercial global.

Nesse cenário, a política externa e os programas de fomento à industrialização regional são apontados como ferramentas essenciais para mitigar os impactos do novo protecionismo internacional.