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Economia

Velhas tarifas dos EUA já derrubaram 80% das exportações brasileiras de carne

Setor prevê cenário inviável após nova sobretaxa americana de 50%, prevista para 1º de agosto

Por Gustavo Bonotto | 22/07/2025 14:21
Velhas tarifas dos EUA já derrubaram 80% das exportações brasileiras de carne
Carne bovina é manuseada em frigorífico de Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo/Semadesc)

As exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos caíram 80% entre abril e julho de 2025, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), compilados e divulgados nesta terça-feira (22). A queda foi causada pela cobrança de tarifas adicionais pelo governo de Donald Trump, que elevou o custo do produto e reduziu a competitividade da carne brasileira.

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Exportações brasileiras de carne bovina para os EUA despencam 80% entre abril e julho. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a queda se deve à imposição de tarifas adicionais pelo governo americano, encarecendo o produto e afetando a competitividade da carne brasileira. Em abril, foram exportadas 47,8 mil toneladas, volume que caiu para 9,7 mil toneladas em julho. A situação preocupa o setor, pois uma nova sobretaxa de 50% entrará em vigor em 1º de agosto, tornando as exportações possivelmente inviáveis. Apesar do cenário adverso, o preço médio da carne brasileira nos EUA subiu 12% no período, refletindo o repasse das tarifas ao consumidor. O Brasil, maior fornecedor de carne bovina para os EUA, busca alternativas com o governo americano, que até o momento não sinalizou abertura para negociações. A medida tarifária americana integra uma política comercial mais rígida e coincide com pressões para revisão de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Conforme o estudo comparativo, em abril, as vendas somaram 47,8 mil toneladas. No mês seguinte, o volume recuou para 27,4 mil. Já em junho, foram registradas 18,2 mil toneladas, e em julho, até agora, apenas 9,7 mil toneladas foram embarcadas. A diminuição drástica ocorre mesmo antes da entrada em vigor da nova sobretaxa de 50%, prevista para o dia 1º de agosto.

Em nota à imprensa, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) alerta que, com a nova sobretaxa, as exportações podem se tornar inviáveis. A indústria brasileira vinha vendendo carne acima da cota anual de 65 mil toneladas com tarifa reduzida, o que já gerava custos extras. Mesmo assim, o Brasil exportou 181,5 mil toneladas para os EUA entre janeiro e junho, faturando US$ 1,04 bilhão.

Apesar do cenário negativo, o preço médio pago pela carne brasileira subiu no mercado americano. Em abril, o valor por tonelada era de US$ 5.200. Em julho, chegou a US$ 5.850, alta de 12%. A valorização reflete o repasse das tarifas, que encarecem o produto para o consumidor final.

Mato Grosso do Sul, por exemplo, apresentou crescimento nas exportações totais de carne bovina no primeiro semestre de 2025. Segundo dados da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), o estado exportou 189,7 mil toneladas, 22% a mais que no mesmo período de 2024, e faturou US$ 822 milhões, alta de 39%.

Atualmente, cerca de 70% da carne bovina produzida no Brasil é consumida internamente. As exportações representam 30% da produção e incluem cortes menos valorizados no mercado nacional, como os do dianteiro, usados na produção de hambúrgueres, e miúdos, comuns na culinária asiática.

O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina para os Estados Unidos, à frente de países como Austrália, Nova Zelândia e Uruguai. Já os americanos são o segundo principal destino da carne brasileira, atrás apenas da China.

"Tarifaço" - A medida de tarifas adotada por Trump faz parte de uma política mais rígida de comércio exterior. Além das tarifas já aplicadas, o governo dos EUA tem recusado abrir negociação com o Brasil. Nos bastidores, há pressão sobre o Palácio do Planalto para revisar processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), algo que os americanos estariam usando como moeda de troca informal.

Com a proximidade do dia 1º de agosto, exportadores começaram a redirecionar embarques para evitar que os navios cheguem após a data limite e sejam taxados pela nova alíquota. A medida emergencial mostra a insegurança jurídica e comercial entre os dois países.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que lidera as articulações, tem se reunido com representantes do setor produtivo para buscar alternativas. A proposta do governo é sensibilizar importadores e incluir a questão em uma negociação por etapas. Até agora, os Estados Unidos não sinalizaram abertura para o diálogo.

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