Após vencer depressão, bióloga de MS se torna campeã baiana de canoa polinésia
Na natureza, Nayara descobriu o esporte que a fez superar o sedentarismo e abrir mão do uso de medicamentos
Ohana significa família, e foi isso que a campo-grandense Nayara Zielasko, de 36 anos, encontrou pelos mares da Bahia. Dentro de uma vida inteira de sedentarismo, “atirando para todos os lados”, ela mirou na canoa polinésia, ou canoa havaiana, e acertou em mais do que saúde: disciplina, conexão e união. Além disso, tornou-se medalhista ao conquistar o primeiro lugar no Campeonato Baiano de Va’a
RESUMO
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Após mudar-se de Campo Grande para Arraial d'Ajuda, na Bahia, em busca de mudanças em sua vida, Nayara Zielasko, de 36 anos, encontrou na canoa polinésia, ou canoa havaiana (Va'a), um caminho para a saúde física e mental. A bióloga, que lutava contra depressão e ansiedade, e havia passado por uma cirurgia bariátrica, tentou diversos esportes, mas foi no Va'a que encontrou disciplina, conexão com a natureza e um senso de comunidade. Remando em uma OC6 (canoa de seis lugares), Nayara e sua equipe, Hina-va'a, conquistaram o primeiro lugar no Campeonato Baiano de Va'a, em Salvador. A vitória foi uma conquista emocionante para a campo-grandense, que superou desafios pessoais e encontrou na canoagem um novo propósito de vida. Hoje, sem remédios para depressão e com uma rotina intensa de treinos, Nayara afirma estar mais saudável do que nunca, destacando a importância do esporte para sua saúde física e mental.
“Eu vi que precisava de um esporte, alguma coisa. Só ter mudado de Campo Grande não adiantava, eu precisava mudar de vida, eu vi a canoa no mar e achei linda”, exclama.
Antiga moradora do Bairro Noroeste, a bióloga aproveitou a possibilidade de trabalhar em home office para tentar novos ares e mudou-se para Arraial d'Ajuda há três anos. O período pandêmico piorou sua depressão e ansiedade e ela sentiu a necessidade de mudanças.
O plano era se mudar, ficar um ano no local e depois tentar um novo endereço. Só que seu roteiro mudou no momento em que notou a beleza da canoa polinésia.
Nayara chegou a pesar 140 quilos há sete anos. Em 2018, realizou a cirurgia de redução de estômago e emagreceu 65 quilos; porém, continuava refém dos remédios de tarja preta e vivendo uma vida sedentária. Mesmo assim, ela nunca deixou de tentar se encontrar em algum esporte.
“Com a questão da depressão, em 8 anos de tratamento, meu psicólogo sempre falava para eu fazer esporte. Já tentei beach tennis, vôlei, vôlei de areia, pedalar, crossfit…”, contou, enumerando as tentativas.
Conexão com o mar, a natureza e consigo mesmo
Va’a, pronunciado 'va-a' e conhecido como canoa polinésia, é um esporte que nasceu com os povos polinésios. As canoas eram utilizadas como meio de transporte entre ilhas e cada povo construía suas canoas de acordo com as características dos mares, segundo o portal Sestaro Canoagem.
“De forma alguma a gente vai vencer o mar. Precisamos ler o mar, entender o mar. A conexão com a natureza é muito forte”, destacou a atleta. Para Nayara, a conexão energética com a lua, o mar e a corrente é necessária. Ela afirma que essa conexão vem por meio de muita leitura e estudo.
Foi em uma embarcação de seis lugares, na categoria estreante OC6 (outrigger canoe de seis lugares), que Nayara Zielasko foi campeã do Campeonato Baiano de Va’a junto com seu grupo de canoagem Hina-va’a. Neste domingo, 21, em 48 minutos de prova, elas remaram 6 km e conquistaram o 1º lugar na primeira vez em que o clube participou de uma competição em nível nacional, em Salvador.
“Avassalador. Na primeira prova que eu fiz, eu só sabia chorar. Do MS para a Bahia e, da Bahia, campeã. Foi muita emoção”, detalhou.
A equipe formada por Daiana Barreira, Florinda Balmant, Clarice Bahia, Jessika Santos e Julia Kogan, participou da competição em três etapas: A primeira em fevereiro em Ilhéus, a segunda em junho na Ilha de Itaparica. Desde então Nayara estava esperançosa na vitória. “Se eu levar esse pódio, a campograndense vai levar para o Campo Grande News”, contou rindo.
“Acho que nunca fui tão saudável na minha vida”
Hoje, Nayara completa 5 meses sem medicamentos para depressão e afirma, orgulhosa: “Acho que nunca fui tão saudável na minha vida”. Não cabe mais “sextou” em sua rotina, pois aos sábados, é realizado o “longão”, um treino de quatro a cinco horas, em que a equipe rema vários quilômetros. A musculação e a corrida são partes inegociáveis do seu dia a dia. Já “dentro d’água”, às terças e quintas, o despertador toca às 3h para treinar em uma remada de 2h.
“A canoa entrou como uma necessidade de praticar um esporte e eu fui me apaixonando e me dedicando cada vez mais. Não entrei pensando em um resultado ou crescimento, mas sim pela saúde, e encontrei muito mais”, relatou.
Nayara consegue enxergar os músculos por baixo da pele. Ela descreve o ganho em saúde mental como gigantesco e, depois de todas as suas tentativas em aulas experimentais, encontrou na canoagem um lar.
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