Antes de virar mãe, cerimônia reúne grávidas para a "Despedida da Barriga"
O toque das mãos simboliza um colo, aquele antes do nascimento de uma nova vida. O último antes que a mãe se torne para sempre uma doadora de amor eterno e profundo. É nessa crença que as Doulas na Tradição realizam uma cerimônia de Despedida da Barriga, em que a futura mamãe recebe energias, bençãos e principalmente muito carinho para que faça a transição com tranquilidade e segurança.
O encontro acontece durante as reuniões realizadas todas as terças-feiras, às 19 horas, na Escola Acolher, com grávidas, familiares e quem mais quiser participar. As mamães que chegam ao último estágio da gestação, em que o parto está próximo, são acolhidas nessa cerimônia.
A parteira de Tradição, Caroline Abreu Figueiró, 38 anos, a única representante do Cais do Parto (Centro Ativo da Criação do Ser) em Campo Grande afirma que a cerimônia é uma grande celebração. “Nossos encontros são realizados todas as terça-feira com grávidas e rodas de casais. Nessas rodas se faz o acolhimento desses casais, baseado nas tradições ancestrais das parceiras. E dentro dessas tradições existe o colo. É exatamente isso, um colo, com cantigas, sempre tem arte nos nossos encontros, pintamos a barriga dela e isso ela vai levar como uma segurança, dentro dessa energia, há amor e consciência”, afirma Caroline.
Com 40 semanas de gestação da menininha Luna, a jornalista Lais Camargo, 25 anos, fez todo o acompanhamento com a parteira da tradição e se despediu da barriga na última terça-feira. Ansiosa para conhecer o “grande amor da vida”, ela diz que o momento é de extrema emoção.
“Depois de nove meses dando carinho e cuidando da barriga, é hora de se preparar pra conhecer o grande amor da nossa vida e esse é um momento de transição muito forte, onde começa a verdadeira maternidade, quando temos que expor essa criança ao mundo, mas até então o mundo dela era nosso ventre. Ela vai deixar essa proteção e nós como mães vamos ter q lidar com isso também”, acredita.
Na cerimônia há espaço para a pintura da barriga, além de coroa de flores na cabeça e entoação de cantigas de ninar. “Vamos celebrar a vida, o empoderamento dessa mulher como deusa do seu corpo, em que ela se prepara para se entregar aquele momento. Várias coisas são ditas, faladas para ela. Ela se sente segura, como em um colo”, descreve.
Lais diz que ouviu palavras de conforto e de estímulo. “Cantamos juntos e depois cada um falou uma palavra, algo que desejava pra mim e a Luna. Teve gente falando amor, alegria, mas teve gente falando banho de chuva, sorvete com cobertura”, ri.
Para a parteira de tradição, esse é o último estágio de uma gravidez que deve priorizar não só o bem-estar da mãe, mas do bebê. “Nós encaramos a forma espiritural também não só a física. Vai o casal, a família, a mãe, vai muito avó, crianças. Preparamos toda a família para recepcionar essa criança, é uma forma muito mais ampla, a tradição trata da vida, e o parto faz parte”, diz.
