Despedida na culinária: morre "rainha das quentinhas" aos 49 anos

A gastronomia regional se despede nesta quinta-feira (11) da chefe de cozinha Helen Braz, de 49 anos. Conhecida como 'rainha das quentinhas', ela deixou um legado de que a comida pode e deve ser acessível longe dos centros da cidade, nas periferias. Helen lutava contra um câncer no fígado e estava internada há 13 dias.

O Lado B já contou a história de Helen, que acreditava ser possível comer bem e, ao mesmo tempo, fortalecer a economia dos bairros com comida de qualidade. Ela investiu em uma marmitaria “gourmet” no horário do almoço e em um à la carte mais elaborado no período da noite, no bairro Santo Amaro.

Nascida em Goiânia, Helen morava em Mato Grosso do Sul há mais de 15 anos. A vida na cozinha virou profissão por influência da avó. Aos 8 anos, já cozinhava e se apresentava como cozinheira de mão cheia. A ideia de montar marmitas surgiu da própria experiência, quando trabalhava fora da cozinha, em um banco, e se alimentava mal.

“Todo mundo sempre acha que quem trabalha em banco entra às 10h e sai às 16h em ponto, mas não é bem assim. Havia dias em que eu não tinha hora para sair, muito menos tempo para comer. Chegou um tempo em que eu só comia porcaria. Foi então que pensei em montar uma marmitaria gourmet, com comida afetiva, comida regional, mas com detalhes para atender da melhor maneira possível.”

Assim conquistou o título de “rainha das quentinhas”. Helen já foi indicada ao prêmio de melhor chef de cozinha nacional e atuou como embaixadora da gastronomia brasileira pelo Mato Grosso do Sul. Também era coordenadora do AbrachefsMS.

Jéssica Gonçalves, uma das primeiras amigas que Helen fez ao deixar Goiânia e madrinha de sua filha, destacou a força e a paixão da cozinheira. “Fica a garra, a lealdade, a irmandade e o amor pela vida. Ah, como ela amava a vida e a culinária. Era uma amiga muito leal e que não média esforços por quem ela amava.”

O cozinheiro Paulo Machado também lamentou a perda. “Estamos muito tristes, toda comunidade gastronômica. Ela foi uma grande guerreira.”

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