Filho campo-grandense de Milton Nascimento faz relato sobre a demência do pai
Augusto Nascimento faz desabafo sobre a saúde do pai Milton: "O meu melhor amigo está me deixando aos poucos"
O campo-grandense Augusto Nascimento, filho de Milton Nascimento, usou as redes sociais nesta quinta-feira (2) para fazer um pronunciamento emocionante sobre a saúde do pai. Em um texto longo, acompanhado de uma foto em que segura a mão do cantor, ele falou sobre o avanço do Parkinson, diagnosticado em 2022, e da demência, revelada recentemente.
RESUMO
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Milton Nascimento, diagnosticado com Parkinson em 2022, enfrenta agora um quadro de demência, conforme revelado por seu filho Augusto Nascimento em pronunciamento nas redes sociais. O campo-grandense compartilhou momentos marcantes ao lado do pai, incluindo uma viagem de motorhome de 4.000 quilômetros realizada em maio. A condição do renomado cantor tem se agravado rapidamente, afetando sua comunicação e rotina diária. Augusto relata que os diálogos tornaram-se majoritariamente silenciosos ou confusos, embora o afeto continue se manifestando através de gestos simples, como segurar a mão do filho durante momentos compartilhados.
Segundo Augusto, os primeiros sinais apareceram no fim do ano passado. “Comecei a notar alguns comportamentos diferentes do meu pai, mas nada que fosse alarmante. De lá para cá, fomos levando a vida normalmente, ainda que com uma preocupação sempre existente, mas com ele recebendo inúmeras homenagens, sendo ovacionado, vibrando, cantando, sendo tema de desfile no carnaval, e por aí vai.”
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Com o tempo, os sintomas se intensificaram e as atividades cotidianas ficaram mais difíceis. “O Parkinson, diagnosticado em 2022, avançando, e as pequenas atividades do dia a dia sofrendo impacto”, contou.
Na tentativa de preservar memórias e criar novos momentos ao lado do pai, Augusto decidiu, em maio, fazer uma viagem de motorhome. “Rodamos aproximadamente 4.000 km, eu dirigia com ele sempre ao meu lado de copiloto e escolhendo as músicas, tal qual sempre fizemos em nossas boas viagens pelo mundo. De alguma forma, eu sabia que aquela viagem seria uma despedida desses momentos.”
Ele recorda que, apesar das limitações, Milton aproveitou intensamente o passeio. “Nos divertimos muito e, quando voltamos, ele só dizia que havia sido a melhor viagem da vida dele.”
Poucos dias depois, pai e filho ainda dividiram outro momento especial. “Gravamos juntos uma campanha de Dia dos Pais e, no dia seguinte, ele olhou para mim e disse: ontem foi foda, né?! Como o belo coruja que é, sempre exaltando todos os momentos e realizações que tínhamos conjuntamente.”
Mas a realidade logo se impôs. Durante uma viagem de trabalho de Augusto, Milton precisou ser internado por desidratação. “Dali para frente, entramos em uma montanha russa, e absolutamente tudo mudou de forma extremamente rápida: veio, então, o duro diagnóstico de demência.”
A partir daí, a relação entre eles também se transformou. “Nossos diálogos, desde então, têm sido, em sua maioria, silenciosos ou um pouco confusos. Meu pai me chama e tenta falar comigo, mas nem sempre consegue se expressar. As inúmeras ligações a cada vez que eu viajo para trabalhar, já não existem mais, nem mesmo a curiosidade por boas fofocas da vida, ou a espera ansiosa por cada vez que eu retorno para casa em que ele me aguardava com uma camiseta com a nossa foto.”
Ele descreve a sensação como uma perda lenta e dolorosa: “Tem sido uma batalha diária, uma dor intensa e um vazio enorme no peito, pois, de alguma forma, o meu melhor amigo está me deixando aos poucos.”
Ainda assim, os pequenos gestos permanecem como mensagens de afeto. “Em alguns momentos, enquanto assisto televisão com ele, em meio ao silêncio, ele puxa e segura a minha mão. Também tem sido comum que ele só aceite fazer algumas refeições quando eu estou ali o incentivando... acho que essas têm sido as maneiras dele me dizer o que em alguns momentos ele não vem conseguindo expressar através das palavras.”
Entre pausas e silêncios, Augusto reafirma o compromisso de estar ao lado do pai. “Venho tentando retribuir todo o bem, o amor, cuidado e carinho, dando o máximo de dignidade e conforto que ele pode e merece ter nesse momento.”
O filho lembra ainda da ligação única que os uniu desde a infância: “Desde o momento em que o universo nos colocou um no caminho do outro, somos inseparáveis e invencíveis, e seguiremos assim enquanto estivermos juntos nessa vida.”
No fim do texto, ele pede respeito e compaixão: “Esse é, junto com a matéria feita respeitosamente pelo querido João Batista Junior, na Revista Piauí, o único pronunciamento que farei sobre esse tema. Peço respeito e compaixão de todos nesse momento tão delicado.”
E conclui com a declaração que resume toda a trajetória: “Eu te amo e sempre amarei, paizinho.”
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