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Comportamento

Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe

Nas mãos dela, tiras de plástico são trançadas até virar fruteiras, cestos para roupa, porta-joias e bolsas

Por Clayton Neves | 18/09/2025 07:33

Em Bonito, dona Maria Aparecida da Silva, de 60 anos, é figura popular. Há quatro décadas, a artesã mantém viva a técnica que aprendeu com a mãe. Nas mãos dela, tiras de plástico são trançadas até virar fruteiras coloridas, cestos para roupa suja, porta-joias e até bolsas de feira.

RESUMO

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Maria Aparecida da Silva, 60 anos, artesã de Bonito (MS), mantém viva há 40 anos a técnica de trançado ensinada por sua mãe. Utilizando embalagens plásticas descartadas, ela cria fruteiras, cestos, porta-joias e bolsas, expondo e comercializando seu trabalho, inclusive internacionalmente.A artesã aprendeu a técnica com a mãe, que utilizava palha de milho e sacolas plásticas. Inovando o método, Maria passou a usar embalagens de produtos como arroz e feijão. Apesar de ter ensinado o ofício a mais de cem pessoas, lamenta que a tradição não tenha continuidade, nem mesmo entre seus quatro filhos. Atualmente, integra o coletivo "Mulheres que Criam" e se orgulha do reconhecimento em sua comunidade.

 Segundo ela, técnica veio de família. A mãe, dona Eupídia, foi quem abriu o caminho para a arte que ela continuou. “Minha mãe fazia com palha de milho e sacolinha. Enrolava e cortava fininho como se fosse um novelo da linha de crochê. Depois, ia trançando até formar a peça que queria fazer”, relembra.

Inspirada, Maria resolveu tentar também, mas inovou: “Decidi fazer no plástico. Fiz vários modelos de cesta e mostrei para ela. Aí nós duas ficamos fabricando”, detalha.

Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe
Maria é uma das expositoras da 9ª Feira Literária de Bonito. (Foto: Clayton Neves)

Até hoje, depois de 40 anos, Maria mantém firme a tradição que nasceu no quintal de casa. No lugar da palha de milho ou da sacolinha, que eram usadas pela mãe, ela adotou as embalagens plásticas de arroz, feijão, café e outras embalagens plásticas. “Aqui tem de tudo. Até de saquinho de farinha, de farofa, embalagem de camiseta. Tudo eu reaproveito”, destaca.

O processo começa com a coleta, muitas vezes feita por parceiros na cidade que separam e entregam os plásticos para ela. Maria corta, lava, seca no varal como se fossem roupas, e depois transforma em tiras que se entrelaçam até virarem peças resistentes.

Os produtos têm variados. As fruteiras custam R$ 20, porta-joias R$ 10, bolsas variam de acordo com o tamanho e os cestos para roupa suja podem chegar até a R$ 200.

Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe
Trançado de embalagens reutilizadas vira até cesto de roupa. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com as vendas, os artesanatos produzidos em Bonito já rodaram o mundo. “Já foi fora do Brasil essas peças. Antigamente tinha o Brasil Bonito, uma associação que mandava o que a gente fabricava para fora”, conta.

Além de uma nova oportunidade de renda, Maria tem a atividade como ofício e resgate da memória da mãe. Ela já ensinou mais de cem pessoas em cursos, tanto em Bonito quanto em Campo Grande, mas lamenta que a tradição não tenha seguido adiante.

“Muitas pessoas para quem ensinei não levaram adiante”, revela.  Até os filhos preferiram outros caminhos. “Sou mãe de quatro filhos, mas todos casados. Só o meu filho caçula, o Ademilson, pegou um pouco de tanto me olhar fazer. Ele chegou a fazer uma peça dentro da minha casa. Eu até comentei que ele iria pegar a minha herança com o artesanato”, comenta.

Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe
Artesã faz parte do coletivo Mulheres que Criam. (Foto: Clayton Neves)

Atualmente, Maria faz parte do coletivo “Mulheres que Criam”, que reúne artesãs de Bonito. E depois de tanto tempo, ela segue fiel à sua produção com a mesma dedicação de quando começou, há quase quatro décadas. “Todo mundo já me conhece, a Maria que faz a cestinha, a Maria do plástico. Isso é um orgulho para mim”, finaliza.

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Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe
Tiras de plástico são cortadas bem finas e trançadas uma a uma. (Foto: Clayton Neves)