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Comportamento

Parada LGBT leva fé, saúde e inclusão às ruas com discursos de resistência

Jovens em grupos, idosos e até casais com filhos pequenos participaram do evento

Por Gustavo Bonotto e Clayton Neves | 13/09/2025 20:04
Parada LGBT leva fé, saúde e inclusão às ruas com discursos de resistência
Simpatizantes estendem a bandeira arco-íris durante passeata até a Praça do Rádio Clube. (Foto: Juliano Almeida)

“Jesus Cristo não faz acepção de pessoas. Ele nos ama e nada pode nos afastar do amor dele.” A declaração da mulher trans Melissa Azuaga, 27 anos, sintetizou um dos muitos recados lançados neste sábado (13), durante a 22ª Parada da Diversidade, na Praça do Rádio Clube, em Campo Grande. Integrante da Igreja Inclusiva Sua Morada, ela contou que o espaço acolhe fiéis expulsos de templos tradicionais por causa da sexualidade.

RESUMO

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A 22ª Parada da Diversidade em Campo Grande reuniu fiéis, famílias e ativistas em prol da inclusão e respeito à comunidade LGBTQIAP+. Com o tema "fé, saúde e inclusão", o evento trouxe discursos de resistência e luta por direitos. A passeata, que percorreu as ruas centrais da cidade, contou com a participação da Igreja Inclusiva Sua Morada, que acolhe fiéis LGBTQIAP+ expulsos de templos tradicionais. Além da representatividade religiosa, a parada abordou a necessidade de acesso igualitário à saúde para pessoas trans, com destaque para a demanda por atendimento humanizado e adequado às suas necessidades específicas. Ativistas também reforçaram a importância da visibilidade trans e o respeito à trajetória histórica de luta da comunidade. A organização do evento destacou o caráter político da manifestação, ressaltando a resistência em um estado conservador como Mato Grosso do Sul.

Enquanto o trio elétrico cruzava lentamente a rua, em um percurso de quase uma hora, a jovem explicou ao Campo Grande News como ressignificou a fé após se assumir LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans, Queer, Intersexo, Assexuais e Pansexuais). “Durante muito tempo, nós fomos impedidas de buscar a Deus dentro de uma igreja sem sermos discriminadas. A nossa missão é redemocratizar a fé, acolher e mostrar que nada do que uma pessoa faça a afasta do amor de Deus”, explicou.

Para ela, a espiritualidade segue essencial. “Já vivi coisas com Deus que só eu sei. Isso me dá certeza de que ele me ama e quero passar essa certeza para outras pessoas”.

Parada LGBT leva fé, saúde e inclusão às ruas com discursos de resistência
Placas ligadas ao movimento LGBTQIAP+ foram expostas no evento. (Foto: Juliano Almeida)

A passeata levou mais de uma hora para cruzar as ruas centrais, entre música, discursos no trio elétrico e uma chuva de leques coloridos que se espalhavam pelo público. Entre os presentes, havia casais com filhos pequenos, jovens em grupos, idosos e até famílias heterossexuais inteiras, que se misturaram à multidão.

O coletivo Transpor, fundado em 2021 na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), ergueu cartazes como “Travesti Preta Vive” e defendeu mais visibilidade para pessoas não-binárias e travestis. Rudy Lorenzoni lembrou que, apesar de avanços, ainda há precariedade em estruturas básicas. “Na universidade criaram banheiros neutros, mas colocaram mictórios e tiraram um dos femininos. A ideia era acolher, mas acabou virando outro espaço de desconforto”, disse.

Para os homens trans, o direito à saúde foi a pauta central. Luan Henrique da Silva Souza, 30 anos, destacou que os serviços ainda não atendem de forma adequada. “Nós temos dificuldade enorme para conseguir atendimento correto e humanizado. A saúde funciona de forma binária, mas precisamos de exames ginecológicos, acompanhamento hormonal e psicológico. Muitos deixam de ir ao médico porque não se sentem respeitados”, afirmou.

Parada LGBT leva fé, saúde e inclusão às ruas com discursos de resistência
Bandeiras foram hasteadas na Praça do Rádio Clube. (Foto: Juliano Almeida)

Ele destacou que ver homens trans de bandeira no ombro ou sem camisa, mostrando as cicatrizes da cirurgia, é prova de conquista de espaço. “Isso é visibilidade. A cada ano aumenta a nossa presença na parada”.

Já a organizadora Cris Stefani, diretora-presidente da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), disse que a cada edição a parada se politiza mais.

“Campo Grande ainda é um estado conservador, mas aqui está a prova de que resistimos. Quem vem não vem só para o oba-oba. Quem vem vem para lutar”, declarou. Em sua fala, ela reforçou a importância de respeitar a trajetória histórica das travestis. “Hoje temos travestis que estudam e trabalham, mas isso custou décadas de resistência contra a violência policial, os cafetões e a discriminação. O que pedimos é respeito ao processo histórico. Tem espaço para todos, sem invisibilizar quem veio antes”, finalizou.

Confira a galeria de imagens:

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