Américo sonhou com bar e resgatou esquina com música e cerveja gelada

Há quase 10 anos, Luiz Américo Arruda Dias se deparou com uma casinha na Rua Dr. Zerbini e sonhou que um dia teria aquele imóvel. O desejo foi tão forte que ele não só o comprou como fez dele um bar. Junto a um amigo, ele repaginou uma das esquinas do bairro e transformou o lugar em um ponto de encontro para ver o pôr do sol.

“Logo que a Chácara Cachoeira virou bairro, eu joguei para o universo: um dia quero morar ou fazer um bar nesse local. Consegui, mas era uma conveniência e, em poucos meses, virou bar, pois as pessoas não queriam só comprar e ir embora, queriam ficar. A gente fazia grandes shows, feiras, Copa do Mundo. Um amigo foi chamando outro.”

O dono conta que ao longo dos anos o bar fez alguns eventos específicos em datas importantes. Uma delas será nesta quarta-feira, dia 19. Em alusão ao Dia da Consciência Negra e para abrir espaço para o debate, o local terá uma noite com o poeta General R3 e bandas de samba rock, DJ e mais. A entrada será gratuita.

Américo diz que chegou a sair do negócio em dezembro de 2022 e retornou em abril de 2025. O motivo foi o fluxo de trabalho sem fim. O espaço foi uma tentativa de o Américo respirar. Formado em design, ele trabalhou com publicidade durante 22 anos e viu no local um meio de continuar ganhando a vida.

“É um trabalho constante e, antes de eu sair da sociedade, eu já tinha diminuído o ritmo, pois a sociedade estava incompatível: tinha muito o que fazer e a ser feito; porém, eu estava sozinho para fazer tudo e rachando os lucros, o que eu não achava justo. Voltei no dia 20 de abril de 2025; na mesma esquininha, que estava largada, veio uma repaginação e surgiu no mesmo local o Américo Bar.”

Ele conta que, quando saiu, se aproximou do atual sócio e amigo de longa data Leonardo Hey Letteriello. Ele era um dos que incentivaram Américo a abrir um bar sozinho. Para melhorar o espaço, Américo investiu na iluminação e no paisagismo.

“Quando ele voltou, era um momento em que eu precisava de ajuda e o primeiro que me veio à cabeça foi o Léo, que também curtia o lugar. Ele prontamente disse que me ajudaria. Porém, dois ou três dias depois, ele disse que não só ajudaria como, se eu permitisse, gostaria de ser sócio. Cá estamos, fazendo o resgate do lugar, e estamos conseguindo: o público tem voltado, com novos frequentadores surgindo.”

Segundo ele, a parte da comida sempre foi um dos problemas. Hoje, além de lanches, o lugar vende porções como linguiça de Maracaju por R$ 28, torresmo premium e dadinho de carne de sol pelo mesmo preço. Até pipoca tem na lista, na versão gourmet, com queijo coalho de búfala frito. O saquinho é vendido a R$ 20. Também tem burrata raiz por R$ 78 e batata frita com queijo de búfala por R$ 23.

“Era o nosso foco desde a pipoca do Baiano com queijinho até a burrata acompanhada de focaccia.” Quanto ao estilo musical do bar, é o rock. Ele comenta que, em anos anteriores, outros gêneros apareceram por lá e que agora está resgatando o público fiel que curte o som e a proposta original.

“Estamos resgatando a identidade, a alma do lugar, mantendo música de qualidade. Todos serão sempre bem-vindos. É muito satisfatório reviver um lugar de que eu só tive noção de que era importante para outras pessoas quando eu saí. Elas me cobravam para montar outro lugar, mas muitos confessavam que era melhor se fosse no mesmo lugar.”

Américo comenta a importância que a namorada teve na escolha do nome do bar. Para ela, nada mais original do que o próprio nome do dono.

“Meio que não gostei, e ela disse: o povo já dizia ‘vamos lá no bar do Américo’. E pensei: ‘Bar do Américo não, Américo Bar’. E assim ficou. E, quando pegamos as chaves, Cintya arrebentou e arrebenta até hoje. Não sei como aguenta essa jornada depois do trabalho dela. Ela é a minha sorte.”

Ele conta que o sócio também faz dupla jornada para dar conta do negócio. Léo trabalha há 17 anos em uma empresa de TI (Tecnologia da Informação) e projetos. “Acredito que todos, como eu também, nos alimentamos desse lugar, desse negócio. Muitos vêm nos parabenizar e agradecer por ter reaberto o local, por encontrar amigos, rever pessoas, conhecer novas pessoas e por proporcionar alegria.”

Confira a galeria de imagens:

Sobre o evento desta quarta, a cantora Lauren Cury e o DJ Pedro Sá também se apresentarão. Apesar de a entrada ser gratuita, será pedida uma contribuição voluntária para ajudar a fomentar o projeto da banda Fino do Fino.

O bar fica na Rua Dr. Zerbini, 464, Chácara Cachoeira. Abre de terça a quarta das 17h até 23h, de quinta a sábado das 17h às 00h e aos domingos das 17h às 23h.

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