Ex-caminhoneiro larga tudo e fatura com pastel e garapa sem miséria
Após ficar com 1 ano com carrinho de caldo de cana parado, ele se libertou do medo e abriu o próprio negócio
Foi em 2023 que Petrúcio Marcelino dos Santos, hoje com 73 anos, deixou para trás a vida na boleia do caminhão e resolveu apostar no sonho antigo de ter o próprio negócio. Mesmo ainda cheio de incertezas, ele abriu as portas de casa, no Bairro Jardim Presidente, para vender pastel e caldo de cana sem “miséria”, como faz questão de dizer sobre a maneira farta com que serve os clientes.
Depois de anos trabalhando como caminhoneiro ele decidiu que era hora de mudar. “Eu trabalhava com o caminhão de um rapaz. No meu último serviço trabalhei uns 3 anos, mas aí deu zebra lá no serviço e entreguei o caminhão”, lembra.
A história da garaparia começou com um carrinho de caldo de cana que Petrúcio comprou e deixou parado por quase um ano na varanda de casa. O medo de largar a renda certa do serviço falava mais alto.

“Sempre o pessoal falava que dava certo a gente tocar garaparia, mas eu tinha todo mês R$ 2 mil entrando bonitinho na minha conta. Tinha medo de deixar e não dar certo”, pontua.
Com o fim do último contrato de serviço, ele finalmente decidiu arriscar. “Pedi direção a Deus primeiramente e decidi tocar meu próprio negócio. Quando coloquei aqui em um sábado, já comecei a vender no mesmo dia. Não tinha nem cana, um rapaz me deu umas para começar. E graças a Deus estamos aí até hoje”, conta.
Hoje, Petrúcio vende garapa fresquinha em frente a casa onde mora na Avenida João de Paula Ribeiro. O copo de 500 ml custa R$ 10, a garrafa de 1 litro R$ 15 e R$ 28 a garrafa de 2 litros. No entanto, o vendedor garante que todas as doses têm um ‘chorinho’ de respeito. “É sem ‘muchibagem’”, afirma. Já o pastel custa R$ 10 e é frito na hora pela esposa, dona Fátima.
A rotina começa por volta das 10h, quando o sol começa a esquentar, e vai até as 19h. “Muito cedo a turma não procura garapa. Depois que começa a esquentar, já começa a aparecer gente”, explica.
O espaço é simples, mas foi todo pensado para receber bem. Petrúcio fez uma cobertura para proteger do sol e da chuva, e montou tudo na calçada de casa, sem precisar gastar com aluguel.
“Deixei a passarela livre, tudo certinho.Tem sido uma maravilha, porque já estou dentro de casa. Quando termino tudo só puxo o carrinho para a varanda e pronto, sem estresse”, avalia.

Natural de União dos Palmares, Alagoas, Petrúcio chegou ao Mato Grosso do Sul ainda jovem. “Vim em 1971 para Deodápolis, era molecão. Em 2003, cheguei em Campo Grande para me aventurar, mas graças a Deus deu certo”, relembra.
Hoje, além de conquistar a freguesia, ele se orgulha de ter um negócio próprio e de ter transformado a varanda de casa em ponto de encontro, com pastel e garapa “sem miséria”. Para ele, o segredo foi persistir no projeto.
“Valeu a pena. Qualquer um que inventar isso aqui em uma rua que tenha movimento, pode acreditar que vai dar certo. Não pode desanimar, tem que insistir porque a turma vai se acostumando e depois não para mais”, finaliza.

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