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Lado Rural

Novo bioinsumo aumenta em até 20% a produtividade da cana-de-açúcar

Testes registraram ganhos médios de 12 toneladas por hectare após a aplicação do produto

José Roberto dos Santos | 20/12/2022 12:55
Lavouras apresentaram ganhos de 12 t por hectare com a aplicação de metade da quantidade de fertilizantes fosfatados. (Foto: Paulo Lanzetta)
Lavouras apresentaram ganhos de 12 t por hectare com a aplicação de metade da quantidade de fertilizantes fosfatados. (Foto: Paulo Lanzetta)

Duas bactérias identificadas pela Embrapa em seu banco de microrganismos, capazes de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, mostram ganhos comprovados na cultura da cana-de-açúcar. O incremento de produtividade, segundo dados da pesquisa da Embrapa, chega a 20% com o primeiro inoculante de fósforo desenvolvido no País para a cultura da cana-de-açúcar. É o Omsugo ECO e comercializado pela multinacional Corteva Agriscience. O novo bioinsumo promove a redução da aplicação de adubos fosfatados, resultando em ganhos econômicos e mais sustentabilidade ambiental

Mato Grosso do Sul atualmente é o 4º maior produtor de cana-de-açúcar e na safra 2020/21 consolidou-se como o 5º maior produtor de açúcar. O Estado produziu 1,8 milhão de toneladas de açúcar. O montante além de ser 152% maior que o volume da safra anterior, representa um recorde histórico para o Estado. Os dados são da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de MS). O setor no Estado é  forte produtor de açúcar, etanol, bioenergia e por gerar mais de 30 mil empregos.

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com 572,8 milhões de toneladas produzidas para a atual safra 2022/2023, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Mais produtividade

Experimentos conduzidos no ano agrícola 2020/2021 pela Embrapa e pela Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) em três áreas produtoras brasileiras comprovam a eficiência do Omsugo ECO nessa cultura, fornecedora de matéria-prima para um setor de alta importância estratégica e econômica para o País.

Produtividade em toneladas de cana por hectare foi 20% superior ao tratamento que não recebeu aplicação do inoculante ou adubo fosfatado. (Foto: Guilherme de Medeiros/Simbiose)
Produtividade em toneladas de cana por hectare foi 20% superior ao tratamento que não recebeu aplicação do inoculante ou adubo fosfatado. (Foto: Guilherme de Medeiros/Simbiose)

Os cientistas avaliaram os três mais importantes índices relacionados ao desempenho de uma lavoura de cana-de-açúcar: TCH (toneladas de cana por hectare) que mede a produtividade, ATR (açúcar total recuperável), indicador que representa a capacidade da cana de ser transformada em açúcar ou álcool e TAH (toneladas de açúcar por hectare). A maior média de produtividade observada coincidiu com a parcela que recebeu a maior dose do inoculante líquido do Omsugo ECO.

“A produtividade em TCH foi 20% superior ao tratamento que não recebeu aplicação do inoculante ou adubo fosfatado”, relata o pesquisador Geraldo de Almeida Cançado, da Embrapa Agricultura Digital, que conduziu os estudos na cultura da cana.

Nas condições experimentais, o uso combinado de doses superiores a 500 ml por hectare do inoculante e aplicando somente 50% da quantidade de adubação fosfatada recomendada foi capaz de promover aumento significativo para os parâmetros de TCH e TAH. “Esses índices são associados, respectivamente, à produtividade e à qualidade da matéria-prima na cultura da cana-de-açúcar, indicando a eficácia do inoculante para essa cultura,” relataram os pesquisadores.

Os dados foram publicados no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.

Amostra do produto; Omsugo ECO é comercializado pela multinacional Corteva Agriscience. (Foto: Divulgação)
Amostra do produto; Omsugo ECO é comercializado pela multinacional Corteva Agriscience. (Foto: Divulgação)

Como a tecnologia funciona

As bactérias selecionadas pela Embrapa, por formarem esporos de alta resistência a estresses ambientais, permitem melhor colonização das raízes da cana e aplicação o ano todo. Além disso, é compatível com as práticas operacionais e de manejo da cultura. Os mecanismos de ação das bactérias passam pela liberação de fitormônios e pela produção de enzimas que auxiliam na ciclagem do fósforo orgânico do solo e na produção de ácidos orgânicos para a liberação do fósforo fixado na forma inorgânica, que são essenciais para a ação na raiz e o aumento da absorção do fósforo pela cultura da cana.

Os testes realizados no primeiro ano de validação da tecnologia comprovam a eficácia e a compatibilidade com as demais práticas agropecuárias preconizadas no Portfólio Corteva, segundo a empresa.

Grade aradora usa implemento para a aplicação de Omsugo ECO na lavoura. (Foto: Guilherme de Medeiros/Simbiose)
Grade aradora usa implemento para a aplicação de Omsugo ECO na lavoura. (Foto: Guilherme de Medeiros/Simbiose)

Melhor aproveitamento da adubação fosfatada

“De forma inédita no setor canavieiro, a BP Bunge implementou ao longo da safra 2022/2023 o teste do Omsugo ECO em cerca de 10% da nossa área de plantio. Com base nos testes em andamento, há previsão de poder reduzir até 15% da adubação fosfatada. Os resultados parciais nas nossas áreas experimentais indicam ser bastante promissores e apontam para um aumento da eficiência do fertilizante fosfatado aplicado e um aumento de produtividade”, comenta Mário Dias, gerente corporativo de Desenvolvimento Agronômico da BP Bunge Bioenergia.

A BP Bunge Bioenergia está entre as maiores empresas do setor sucroenergético do País e é a maior exportadora de açúcar do mundo. Presente nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, a empresa tem 11 unidades agroindustriais que somam uma capacidade de moagem de 32,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra.

* Com informações da Embrapa Milho e Sorgo.

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