Safra de 2026 deve cair 12% em Mato Grosso do Sul com influência do La Niña
Após recorde histórico em 2025, campo deve sentir peso das chuvas irregulares e da queda no milho

RESUMO
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A safra de grãos em Mato Grosso do Sul deve registrar queda de 12,2% em 2026, conforme primeiro prognóstico do IBGE. A retração acompanha tendência nacional, com estimativa de produção de 332,7 milhões de toneladas, 3,7% menor que 2025, influenciada pelo fenômeno La Niña. O milho é o principal responsável pela queda, com redução prevista de 9,3% no país. Em contrapartida, a soja deve alcançar nova marca histórica, com 167,7 milhões de toneladas, crescimento de 1,1%. A área total de colheita no estado deve diminuir 1,1%, refletindo a cautela dos produtores.
Depois de um ano histórico para o agro brasileiro — e também para Mato Grosso do Sul — o campo se prepara para um ciclo menos generoso em 2026. O primeiro prognóstico do IBGE indica que a produção de grãos, cereais e leguminosas no Estado deve recuar 12,2% em relação à safra recorde de 2025.
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A retração acompanha o cenário nacional: a estimativa é de 332,7 milhões de toneladas no país, queda de 3,7% frente às 345,6 milhões de toneladas do ano anterior — o maior volume já registrado na série histórica do IBGE.
O principal vilão é o milho, cuja produção deve despencar 9,3% em todo o Brasil, com reflexos diretos em Mato Grosso do Sul, um dos maiores produtores do grão. A redução esperada é resultado da influência do La Niña, fenômeno climático que deve trazer chuvas mais intensas no Centro-Oeste e estiagem no Sul, alterando o ritmo de plantio e colheita.
“Em 2025 tivemos um clima excepcional, com recordes em praticamente todas as culturas. Para 2026, o cenário é diferente. O La Niña tende a interferir na produtividade, especialmente na 2ª safra do milho”, explicou Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agricultura do IBGE.
Soja resiste e deve manter recorde
Se o milho perde força, a soja segue firme. O grão mais cultivado do país deve alcançar 167,7 milhões de toneladas, novo recorde nacional, crescimento de 1,1% em relação a 2025. Em Mato Grosso do Sul, a oleaginosa continua como carro-chefe e deve compensar parte das perdas nas demais lavouras, mantendo a economia rural em movimento.
Mesmo assim, o Estado deve colher menos em 2026. Além do milho, há previsões de queda para o arroz (-6,5%), o algodão (-4,8%), o feijão (-1,3%) e o trigo (-3,7%). No caso do algodão, o recuo é atribuído à redução nas margens de lucro e à retração dos preços internacionais após três anos seguidos de safra recorde.
Menos área colhida, mais incertezas
A área total a ser colhida no país foi estimada em 81,5 milhões de hectares, ligeira alta de 1,1% frente a 2025. Mas em Mato Grosso do Sul, o movimento é inverso: a projeção é de queda de 1,1% na área plantada.
Essa retração reflete a cautela dos produtores diante da instabilidade climática e da incerteza quanto à janela ideal de plantio do milho safrinha — cultivo que depende da colheita da soja e das condições de chuva no verão.
Do recorde à retração
Em 2025, a safra sul-mato-grossense surfou na onda de um dos melhores anos da história do agro. A colheita recorde nacional de 345,6 milhões de toneladas foi impulsionada pelo bom desempenho da soja, milho, algodão e sorgo — todos com números inéditos.
O Estado acompanhou esse movimento, beneficiado por clima favorável e boa rentabilidade. Agora, o ciclo de 2026 se desenha como um teste de resistência.
Armazenagem cresce e dá fôlego ao setor
Mesmo com a perspectiva de retração na produção, o campo segue se estruturando. A capacidade de armazenagem agrícola do país cresceu 1,8%, chegando a 231,1 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2025.
Mato Grosso do Sul se mantém entre os estados com maior volume estocado, impulsionado pela expansão dos silos e dos armazéns graneleiros. O Mato Grosso lidera o ranking nacional, com 63 milhões de toneladas de capacidade.
O que vem pela frente
Com o início do plantio da soja e o avanço da safra de verão, os próximos meses serão decisivos para confirmar — ou reverter — a tendência de queda apontada pelo IBGE.
O comportamento do clima sob a influência do La Niña deve definir se o Estado repetirá o brilho de 2025 ou enfrentará uma colheita mais curta em 2026.
Produção nacional de grãos deve cair 3,7% em 2026
Segundo o IBGE, a safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve atingir 332,7 milhões de toneladas no próximo ano, 12,9 milhões a menos que em 2025. O milho é o principal responsável pela retração, com queda estimada de 9,3%, seguido pelo arroz, o sorgo e o algodão.
Soja deve bater novo recorde e puxar o crescimento
Apesar da queda geral, a soja deve registrar produção recorde de 167,7 milhões de toneladas, impulsionada por aumento de produtividade e leve expansão da área plantada. O grão consolida sua posição como principal cultura do país, respondendo por quase metade da produção nacional de grãos.

