População de corujas cresce em Campo Grande e ninhos se espalham em bairros
Espécie buraqueira se adapta facilmente ao ambiente urbano e pode reagir com ataques ao se sentir ameaçada
Numa rua pequena e sem saída, do Bairro Vivenda do Bosque, próximo à Avenida Mato Grosso, casal de coruja cavou túnel num pedaço de calçada, sem cimento, e vive ali, dando o ar da graça diariamente. Quando os animais se sentem ameaçados, dão rasantes e gritam alto.
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Corujas-buraqueiras têm se adaptado à vida urbana em Campo Grande, estabelecendo ninhos em bairros com áreas abertas e gramados. Na Rua do Alto, no Bairro Vivenda do Bosque, um casal da espécie construiu seu ninho na calçada, demonstrando a crescente presença desses animais na cidade. Segundo especialistas, a adaptação é favorecida pela disponibilidade de alimentos como ratos e insetos, além da proteção legal da espécie. As corujas-buraqueiras, que constroem ninhos subterrâneos de até dois metros de profundidade, contribuem para o controle de pragas urbanas, apesar de ainda enfrentarem preconceitos relacionados a crenças populares.
A presença de corujas tem se tornado cada vez mais comum em Campo Grande, principalmente em bairros com áreas abertas e gramados, como na Rua do Alto, que o casal da espécie fez ninho e constituiu morada.
Segundo o biólogo José Milton Longo, a espécie mais frequente na cidade é a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), que se adapta facilmente ao ambiente urbano e tem hábitos tanto diurnos quanto noturnos.
Diferente da maioria das corujas, a buraqueira constrói seus ninhos no solo, túneis que podem chegar a dois metros de profundidade e são forrados com capim seco, pedaços de papel, tecido e outros materiais encontrados nos arredores.
“As cidades oferecem abrigo e bastante alimento, como ratos e insetos maiores. Com isso, elas conseguem se reproduzir e se manter bem no ambiente urbano”, explica Longo. Para ele, o aumento na população pode estar relacionado à proteção legal da espécie, que é resguardada por lei ambiental.
Apesar as importância ecológica, especialmente no controle de pragas como roedores, as corujas ainda sofrem coma desinformação. “Infelizmente, muitas pessoas ainda associam corujas ao mau agouro, o que leva a casos de maus-tratos por pura ignorância”, lamenta o biólogo.
Segundo o professor, a crença popular de que corujas anunciam a morte está mais associada à coruja-do-campanário. A espécie emite um som que lembra o rasgar de tecido, alimentando o imaginário popular. No entanto, ele esclarece que esse ruído é apenas uma vocalização natural usada para comunicação e defesa de território.
A coruja-buraqueira ataca presas como roedores e, quando investe contra humanos, o comportamento geralmente é defensivo, como forma de proteger o ninho e os filhotes. “Embora pequenas, suas garras podem causar ferimentos”, alerta o biólogo.
A bióloga Maristela Benites reforça que o aumento da percepção sobre essas aves está relacionado ao olhar mais atento da população. “Campo Grande é reconhecida como a Capital da Observação de Aves, e temos investido bastante na difusão desse conhecimento. Isso faz com que as pessoas estejam mais conscientes da presença das aves no cotidiano”, afirma.
Ela ressalta ainda a importância de preservar áreas com solo exposto. “A coruja-buraqueira depende de cavidades no solo para se abrigar e se reproduzir. Isso mostra como é fundamental manter espaços permeáveis na cidade, não só para a fauna, mas também para o equilíbrio ecológico”, explica Maristela.
Para a especialista, embora a presença das aves seja cada vez mais notada, ainda é cedo para falar em aumento real da população sem estudos detalhados. “Seria necessário avaliar a quantidade de áreas disponíveis e o quanto estão sendo ocupadas para validar essa hipótese”, conclui.
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