ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, TERÇA  26    CAMPO GRANDE 24º

Meio Ambiente

Da foto à tragédia: atrair onças com ceva é um risco para humanos e para animais

Evento promovido pelo SOS Pantanal debate os conflitos com grandes felinos

Por Lucia Morel | 26/08/2025 11:55
Da foto à tragédia: atrair onças com ceva é um risco para humanos e para animais
Palestrante fala ao público do workshop, que segue até amanhã 27 de agosto. (Foto: Marcos Maluf)

A busca pela melhor foto ou o desejo de ver um animal selvagem mais de perto por meio da oferta de alimento pode transformar um momento de entretenimento em tragédia. Esse foi um dos exemplos utilizados pelo presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), Rodrigo Agostinho, durante o I Workshop Internacional Conflitos com Grandes Felinos: Riscos, Causas e Soluções, promovido pelo Instituto SOS Pantanal. Segundo ele, a prática é desnecessária e arriscada, pois o felino é um animal que sabe caçar e encontra alimento facilmente na paisagem do Pantanal.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O I Workshop Internacional Conflitos com Grandes Felinos, promovido pelo Instituto SOS Pantanal, discutiu a coexistência entre humanos e felinos no Brasil. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, alertou sobre os riscos de alimentar onças para fotografias, enfatizando que estes animais encontram alimento facilmente no Pantanal.O evento internacional reuniu especialistas da Índia, África, Estados Unidos e Bangladesh, além de 400 participantes. Como resultado, será elaborado um documento técnico-científico visando futuras políticas públicas para a gestão dos conflitos entre humanos e grandes felinos na região.

Agostinho explicou que a coexistência de onças com humanos é histórica no Brasil e que ataques a pessoas são raros. No entanto, ele alertou para o "abuso" de quem tenta atrair os animais, seja para conseguir uma boa foto ou com a prática da ceva, que é o ato de colocar alimento para o animal. “É um animal que, na paisagem aqui do Mato Grosso do Sul, ou mesmo no Mato Grosso, consegue encontrar alimento facilmente”, disse, reforçando que essa prática coloca tanto o animal quanto o ser humano em risco.

Ele pontuou ainda que a presença da onça na cadeia alimentar é importante para a saúde do ecossistema. “A existência da onça num local prova que aquele ambiente está em equilíbrio ambiental”, explicou. O presidente do Ibama enfatizou a importância de o debate ser realizado na Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), casa do produtor rural, para tratar dos conflitos que surgem quando esses animais encontram o gado nas propriedades.

O coronel Ângelo Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro, reforçou a fala de Agostinho ao dizer que a existência das espécies vai ajudar a valorizar ainda mais a propriedade, com a onça se tornando um valor biológico e também econômico. Ele disse que o evento é motivo de orgulho para Mato Grosso do Sul, que protege a espécie há mais de 300 anos.

Sobre o desafio da conservação, o coronel destacou que o principal problema é lidar com a realidade e as "fake news". “Eu já estou há 40 anos no Pantanal e não tenho nenhum indicativo que nós tenhamos superpopulação”, afirmou, acrescentando que o aumento de registros de onças se deve à facilidade de fotografar e filmar com a tecnologia, e não a um aumento real da população.

Gustavo Figueroa, diretor do SOS Pantanal, explicou que o workshop é um evento internacional, com palestrantes da Índia, África, Estados Unidos e Bangladesh. A ideia é aprender com a experiência deles em lidar com animais como leões, tigres e leopardos, onde os conflitos são mais intensos e as mortes são mais frequentes. “A ideia é que a gente beba dessa fonte e adapte para a realidade que a gente tem aqui no Brasil”, explicou.

O evento, que reuniu cerca de 100 pessoas presencialmente e 300 online, contou com a participação de diferentes setores da sociedade, como produtores rurais, militares e ribeirinhos. Figueroa destacou que o painel sobre o caso de Corumbá servirá para discutir como o município, no coração do Pantanal, lida com o problema de forma geral. A ideia é focar não apenas em ataques a pessoas, mas também a animais de criação e em encontros inesperados.

A conclusão do evento, que segue até amanhã, não resultará na assinatura de uma política pública imediata, mas na elaboração de um documento técnico-científico. Conforme Figueroa, um rascunho com os temas principais será elaborado e, nas semanas seguintes, o documento final será consolidado em comum acordo com a comunidade organizadora. Posteriormente, o material será enviado aos órgãos responsáveis pela biodiversidade para que se torne uma política pública.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.