Desde 2024, laudos apontam irregularidades em barragem do antigo Clube Atlântico
Agora, Ministério Publico instaurou inquérito para ver se medidas solicitadas em fevereiro foram cumpridas
Com base em recente laudo técnico e posteriores determinações do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente abriu Inquérito Civil para investigar medidas adotadas para resolver irregularidades envolvendo a Barragem do Lago Atlântico, em Campo Grande.
RESUMO
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Laudos técnicos emitidos desde 2024 apontam graves problemas estruturais na barragem do Clube de Campo Atlântico, em Campo Grande. O mais recente, elaborado em agosto de 2025 pelo CEIPPAM e CESAMUEMS, destaca erosões, falhas na drenagem e falta de manutenção preventiva. A estrutura, que opera sem licenciamento ambiental, apresenta alto risco de rompimento segundo a Agência Nacional de Águas. Moradores próximos, preocupados com a segurança de cerca de 100 pessoas, realizaram protestos exigindo providências. O Ministério Público acompanha o caso e busca medidas corretivas imediatas.
Em fevereiro, laudo apontou fragilidades na barragem da barragem situada dentro da área particular sob responsabilidade da Incorporadora Atlântico Ltda. O estudo apresentado pelo CEIPPAM (Centro de Ensino, Pesquisa e Projetos em Agricultura e Meio Ambiente), em parceria com o CESAMUEMS (Centro de Estudos e Pesquisas em Meio Ambiente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), mostrou deficiências no sistema de drenagem, acúmulo de água e vegetação nos taludes e no vertedouro, o que compromete a estabilidade e dificulta inspeções.
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A Defesa Civil então avaliou que não havia perigo imediato, mas registrou alagamentos em vias de acesso durante chuvas. Por isso, o Imasul multou a Incorporadora Atlântico Ltda. ME, responsável pela represa, por ausência de regularização hídrica, e determinou prazo de 30 dias para regularização e 15 dias para manutenções, o que o MPMS quer agora verificar se foi cumprido.
O documento foi elaborado a pedido do Imasul, após manifestação de moradores e cobranças feitas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Neste ano, grupo chegou a realizar um protesto para chamar atenção das autoridades sobre o risco de rompimento da barragem e a situação precária das vias que levam às propriedades rurais e áreas de moradia.
Entre os problemas relatados pelos laudos de 2025 estão erosões nas margens, ausência de manutenção preventiva adequada e falhas na drenagem. O laudo ressaltou que a falta de obras de reforço aumenta o risco de rompimento parcial ou total da barragem, o que poderia atingir áreas vizinhas com alagamentos e causar danos ambientais.
O parecer reforçou as conclusões já apresentadas em setembro de 2024, quando um laudo técnico do Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) havia constatado problemas semelhantes. Na época, o relatório também apontava infiltrações, desgaste de taludes e necessidade urgente de obras corretivas. Embora algumas medidas paliativas tenham sido adotadas desde então, os técnicos afirmam que a barragem ainda demanda intervenções estruturais permanentes.
Segundo o CEIPPAM e o CESAMUEMS, a avaliação de 2025 foi feita com base em inspeções visuais e análise de dados anteriores. Os especialistas reiteraram que, sem reparos definitivos, os riscos permanecem. Já o Imasul, responsável pela fiscalização, usou o laudo como subsídio para definir as medidas administrativas e legais adotadas na sequência.
Em julho, Relatório de Segurança de Barragens 2024-2025, divulgado pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), também identificou risco na barragem, junto de outras sete em Mato Grosso do Sul com classificação de risco alto e dano potencial associado também alto. Segundo o levantamento, todas reúnem tanto a alta probabilidade de acidentes quanto a capacidade de causar grandes danos em caso de rompimento.
Todos os procedimentos ganharam maior atenção depois de agosto de 2024, quando a represa do loteamento de luxo Nasa Park, em Jaraguari, se rompeu e interditou a BR-163. Na ocasião, o Corpo de Bombeiros constatou que o local não possuía certificado de vistoria, e o Imasul determinou a elaboração de um Prada (Plano de Recuperação de Área Degradada).
A reportagem tentou contato com o proprietário da Incorporadora e do Clube Atlântico, Jorge Marcio Ignácio Nigres, que informou estar em viagem e, por isso, não pôde se manifestar. Atualmente, o clube permanece fechado.
