Trecho de afluente do Rio Perdido seca e ameaça turismo na Serra da Bodoquena
Sedimentos no curso d'água provocam turbidez e assoreamento no rio, em Caracol
Apenas pedras, capim e areia podem ser vistos no leito seco de um dos afluentes do Rio Perdido, que atravessa o Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Além do desastre ambiental, o problema ameaça o turismo em uma região pouco explorada.
O assoreamento foi identificado em trecho de afluente que passa pela cidade de Caracol, pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), primeiro via satélite e, depois, com equipe no local. O coronel Ângelo Rabelo, presidente do instituto, explicou à reportagem que o trabalho de análise do Rio Perdido e seus afluentes já dura cinco anos.
"Protegemos a parte principal que é a nascente. O trabalho agora é identificar nos afluentes a perda da força e também descobrir quais córregos estão levando muitos sedimentos para dentro do rio", disse.
Segundo Rabelo, o rio também está enfrentando um efeito oriundo do baixo índice de chuvas. Em comparação ao ano passado, houve metade da precipitação esperada. "Como todos os rios do Pantanal, nós tivemos aí quase 50% menos de chuva prevista, então na parte alta o rio ainda está com água, mas ao mesmo tempo quando ele cai ali, principalmente na parte baixa, já indo em direção ao Apa, ele sofre efeito de assoreamento e isso vai comprometendo mais ainda a quantidade de sedimento no canal do Perdido".
O IHP, segundo o responsável, está fazendo levantamento de campo agora para verificar o que pode ter contribuído para o assoreamento, porque o trecho capturado nas imagens foi assoreado.
Por fim, o gestor caracterizou a paisagem como "um lugar que sofreu muita pressão" por conta das questões ambientais. "A gente fez um trabalho forte na nascente, com comprometimento e parceria com as fazendas próximas. Ao longo do trecho que ele passa no parque, ele está muito bem protegido".
Conforme noticiado, o MPMS (Ministério Público) já havia instaurado inquérito em 2019 para apurar as irregularidades ambientais na região do banhado e na nascente. À época, o texto denúncia discorreu que a ação poderia estar ligada à atividade agropecuária.
A reportagem procurou o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que não retornou até a publicação da matéria.
Matéria editada às 12h42 de 16 de junho para correção de informações.
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