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Meio Ambiente

Usina vai liberar água para conter avanço de plantas aquáticas que cobriram rio

Vertimento controlado foi autorizado pelo Imasul e será feito para reduzir a concentração de macrófitas no rio

Por Inara Silva | 02/10/2025 17:45
Usina vai liberar água para conter avanço de plantas aquáticas que cobriram rio
Rio Pardo coberto por plantas aquáticas em Ribas do Rio Pardo. (Foto: Maikon Roger Vargas de Araújo Calzolaio)

A UHE (usina hidrelétrica) Assis Chateaubriand, conhecida como Usina Mimoso, recebeu autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para realizar um vertimento controlado em seu reservatório, como medida contra o acúmulo de plantas aquáticas flutuantes no Rio Pardo, em Ribas do Rio Pardo, a 96 km de Campo Grande.

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A Usina Hidrelétrica Assis Chateaubriand, conhecida como Usina Mimoso, recebeu autorização do Imasul para realizar um vertimento controlado de água. O objetivo é dispersar o acúmulo de plantas aquáticas no Rio Pardo, em Ribas do Rio Pardo, MS. A medida visa preservar a operação da usina e o equilíbrio do ecossistema local. Proprietários da região estão preocupados, pois o fenômeno tem impedido atividades de lazer e causado desvalorização de imóveis. Moradores alegam que o problema pode estar relacionado à operação da Suzano, indústria de celulose na área, mas reconhecem a necessidade de estudos aprofundados. A Elera Renováveis, responsável pela usina, afirma que monitora regularmente a situação e que a presença de plantas aquáticas é natural, embora esteja dentro dos limites técnicos de controle.

Em nota, a assessoria da Elera Renováveis, empresa responsável pela hidrelétrica, informou que a usina deverá executar a liberação controlada de água para dispersar as plantas acumuladas no reservatório e preservar tanto a operação da usina quanto o equilíbrio do ecossistema local. A empresa disse ter recebido a autorização nesta quinta-feira (2).

Proprietários de imóveis no local estão preocupados com o fenômeno, que transformou trechos do rio em um “tapete verde” e tem impedido atividades de lazer, como navegação e esportes náuticos.

O advogado e proprietário Maikon Roger Vargas de Araújo Calzolaio ingressou, nesta semana, com uma ação popular na Justiça contra a usina e o próprio Imasul, alegando falhas de fiscalização e ausência de medidas mitigadoras. Ele representa 30 proprietários de imóveis no Condomínio Parque das Águas. Além desse, a região conta com outros dois condomínios de casas de campo, somando cerca de cem proprietários.

Maikon Roger comprou um rancho no local em 2022 e utilizava o espaço para lazer em família: pesca esportiva e recreação náutica, com jet ski e lancha. “A maioria dos moradores tem, inclusive, deck com bar molhado no fundo do rancho”, afirma.

Esse também é o caso do empresário Victor Baziliche, que teve sua propriedade afetada. Em vídeo divulgado em sua rede social, ele mostra o Rio Pardo em tempos em que era navegável e não estava coberto pelas plantas. “Hoje está uma tristeza”, lamenta.

Morador do local há cinco anos, Luiz Cláudio Reis também sente o impacto. Em fevereiro, comprou um jet ski e conseguiu utilizá-lo apenas três vezes. Pouco depois, o rio ficou impróprio para navegação. Atualmente, Reis vai ao rancho de duas a três vezes por mês apenas para realizar manutenção.

Os proprietários afirmam que nunca tinham visto tamanha quantidade de plantas aquáticas no rio, que parece um grande gramado. Segundo eles, o fenômeno provocou desvalorização das propriedades, antes avaliadas entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão. Recentemente, de acordo com Maikon Roger, um vizinho que pedia R$ 600 mil acabou vendendo seu imóvel por R$ 350 mil.

Tanto Luiz Cláudio quanto Maikon Roger acreditam que o aparecimento das plantas pode estar relacionado ao início da operação da Suzano, uma indústria de celulose na região. Essa hipótese também foi levantada por outros moradores em comentários nas redes sociais. No entanto, eles reconhecem que não é possível afirmar com certeza e que seriam necessários estudos mais aprofundados, já que há também outros fatores, como a presença da usina hidrelétrica e de uma grande fazenda na região.

Retorno da empresa - A Suzano informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que todos os resíduos industriais passam por tratamento na Estação de Tratamento de Efluentes antes de serem lançados no Rio Pardo. Segundo a empresa, a qualidade da água devolvida é mais restritiva que a exigida pela legislação e os resultados são acompanhados pelo órgão ambiental.

A nota destaca ainda que a captação de água da unidade é feita a jusante do ponto de lançamento, ou seja, a própria empresa utiliza a mesma água que retorna ao rio, como forma de demonstrar confiança no processo.

Presença das algas - De acordo com a assessoria da Elera Renováveis, “a presença das macrófitas, principalmente as fixas, é natural em sistemas aquáticos e pode trazer benefícios ao ecossistema, como abrigo e alimentação para a fauna aquática.”

A empresa garante que realiza monitoramento regularmente, conforme exigências do Plano Básico Ambiental e da licença de operação emitida pelo Imasul. “O que se observa atualmente na UHE Assis Chateaubriand é o acúmulo significativo de espécies flutuantes, embora ainda dentro dos limites técnicos de controle, inferiores a 25%”, conclui a nota.

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