Via Verde, novas regras e plano revisado prometem mudar arborização da Capital
Novas políticas sobre as árvores olham para as periferias, espécies não nativas e extremos climáticos
Campo Grande ostenta a liderança em rankings que avaliam a presença de árvores na área urbana de cidades e tem até representante que irá falar sobre isso na COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). Porém, a capital de Mato Grosso do Sul tem lacunas para fechar quando se olha para a arborização mais de perto.
RESUMO
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Campo Grande, líder em rankings de arborização urbana, enfrenta desafios na gestão de suas árvores. A capital sul-mato-grossense, que terá representação na COP30, lida com problemas como escassez de sombra nas periferias, presença de espécies exóticas invasoras e quedas frequentes de árvores durante temporais. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente implementa novas políticas, incluindo o projeto Via Verde e a regra internacional 3-30-300. A cidade também proibiu espécies como murta e leucena, consideradas pragas urbanas, e trabalha na revisão do Plano Diretor de Arborização, que estabelecerá novas diretrizes para manejo e conservação da cobertura vegetal.
Os principais desafios são a falta de sombra nas periferias, a ameaça de espécies exóticas que precisam ser banidas e as quedas de árvores de médio e grande porte em dias de tempo severo.
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A Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável), que é a responsável pela arborização da cidade, afirma que responde aos problemas com novas políticas e medidas que vêm sendo implementadas desde a criação do Plano Diretor de Arborização Urbana.
Arborização desigual - É menor a quantidade de árvores nos bairros mais afastados, o que deixa as populações pobres mais vulneráveis aos impactos das ilhas de calor e aos efeitos das mudanças climáticas. Para tentar reverter isso, a pasta diz que dá andamento ao projeto Via Verde, criado há mais de 10 anos para aumentar a cobertura vegetal na Capital.

"O projeto promove plantios em larga escala nas regiões periféricas e vias públicas, com foco em reduzir desigualdades na distribuição da arborização. O Viveiro Municipal Flora do Cerrado complementa essas ações com a produção e distribuição de mudas nativas e frutíferas, incentivando o plantio participativo", detalha a Semades.
Outra medida da pasta nessa direção é guiar a arborização urbana pela regra internacional 3-30-300, recomendada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Ela define que cada morador:
- Veja 3 árvores a partir de sua casa;
- Viva em um bairro com pelo menos 30% de cobertura vegetal;
- Esteja a, no máximo, 300 metros de uma área verde.

Motosserra em exóticas - Este ano, a prefeitura sancionou leis proibindo duas espécies exóticas até então comuns nas paisagens campo-grandenses: a murta e a leucena. Apesar de parecerem inofensivas, são consideradas pragas urbanas por especialistas pelo potencial que têm de causar danos aos ecossistemas.
Equipes do município fazem a remoção em parques e outras áreas públicas e as substituem gradativamente por espécies nativas do Cerrado. No caso das calçadas e dos quintais de imóveis particulares, a responsabilidade pelo corte fica por conta dos moradores. O plantio, o comércio, o transporte e a produção de mudas de ambas são proibidos e podem gerar multa de até R$ 1 mil.
A Semades diz que apenas a murta e a leucena são árvores proibidas na Capital atualmente, mas recomenda que outras espécies não adequadas para a área urbana sejam evitadas. A lista completa pode ser acessada no novo manual de arborização urbana, aqui. O documento foi elaborado em parceria com pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e publicado este ano.
Quedas a cada temporal - Centenas de árvores já caíram completamente ou tiveram parte de sua estrutura levada pela força do vento e da água dos temporais que atingem Campo Grande nos últimos anos.
Como já explicou ao Campo Grande News o biólogo e doutor em Ecologia Vegetal, Arnildo Pott, fatores de estresse urbano e a forma de plantio acabam contribuindo para deixar as espécies mais vulneráveis aos eventos climáticos e para encerrar seu ciclo natural antecipadamente.
A reportagem pediu à assessoria de imprensa da prefeitura um levantamento parcial de quantas árvores foram perdidas apenas durante as chuvas de novembro, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Para evitar a perda de cobertura vegetal e reduzir os riscos à população que as quedas oferecem, a Semades informou que "vem intensificando o monitoramento técnico e preventivo diante dos eventos climáticos extremos". Além disso, técnicos avaliam pedidos de corte feitos por moradores e empresas na sede da pasta, que fica no prédio da Central do Cidadão, ou pelo e-mail arvorecg@gmail.com.
Novo plano diretor - A pasta informou ainda que a revisão do Plano Diretor de Arborização, em vigor desde 2011, está em fase final e trará novidades.
A expectativa é pela criação de novas ferramentas para guiar a arborização. "A nova versão transformará o documento em Política Municipal de Arborização Urbana, ampliando diretrizes para manejo, plantio e conservação da cobertura vegetal, além de criar o Sistema de Áreas Verdes, que conectará parques, praças e áreas de preservação permanente", finalizou.
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