O frio chegou e os gatos sentem, mesmo que se façam de durões

Campo Grande amanheceu gelada. Mato Grosso do Sul bateu sensação térmica de -3,8 °C nesta terça-feira (24) e, se você achou que só os humanos estavam sofrendo com o frio, tá na hora de repensar o seu conceito de “bichano resistente”.

Quem vos escreve é repórter, sim, mas também tutora de um gato chamado Bino, um ex-morador de rua que hoje vive como rei, dono de uma rotina que inclui pelúcias, cobertores e um ódio declarado por roupinhas felinas. E digo com experiência (e algumas arranhadas como prova): gato sente frio, sim. E não, não é só porque eles são peludinhos que estão imunes.

Durante os últimos três invernos, conversando com veterinários (e observando atentamente o comportamento do meu próprio felino), entendi que os sinais estão todos ali, só precisamos prestar atenção. Orelhas geladas, corpo todo encolhidinho, busca desesperada por um canto com casaco ou coberta que tenha o cheirinho da gente. Não é mimo: é instinto de sobrevivência.

Mas afinal… Gato sente frio?

Sim, e como sente. A temperatura corporal dos gatos gira em torno de 38 °C a 39 °C, bem parecida com a nossa. O pelo ajuda, claro, mas não dá conta do recado sozinho nos dias de ventania e madrugada úmida. E antes que você pense em deixá-lo “dar um rolê pra se aquecer”, já aviso: não é uma boa ideia. Saídas para o quintal ou telhado podem expor o gato ao risco de hipotermia, sem contar as doenças respiratórias.

Como saber se seu gato está com frio?

Eles avisam, do jeitinho deles. O pelo arrepia. O corpo se encolhe. Eles somem por horas e, quando você encontra, estão lá: dentro do guarda-roupa, atrás da geladeira ou debaixo do edredom.

Doenças que aparecem no inverno: o frio é vilão para muitos bichanos, principalmente os que já têm predisposição a problemas respiratórios, como bronquite e asma. A famosa “gripe dos gatos” também costuma dar as caras, com sintomas bem parecidos com os nossos: espirros, tosse, febre e olhos remeladinhos. Por isso, redobre o cuidado e procure um veterinário se notar qualquer mudança no comportamento do seu bichano.

Então o que fazer? Aqui vão as dicas de uma tutora experiente (e sobrevivente das garras do Bino):

1. Mantenha o gato dentro de casa
Nada de passeio no frio. Mesmo o mais aventureiro dos felinos merece (e precisa) ficar no quentinho. Se possível, grudadinho em você. Sim, você vai virar cama.

2. Crie cantinhos quentes e com cheiro de humano
Bino não usa roupa (e jamais usará, sob ameaça de ataque), mas ama cobertores e mantas, especialmente se tiverem nosso cheiro. Uma blusa sua esquecida no sofá pode virar o novo abrigo favorito.

3. Nada de chão gelado
Coloque papelão sob a caminha, espalhe tapetinhos ou edredons antigos pelos cantos onde ele costuma deitar. Até uma caixa de papelão com bichinhos de pelúcia dentro pode virar uma suíte cinco estrelas no padrão felino.

4. Roupinha? Só se o gato for de boa
Se o seu gato for do tipo zen (o que é raro), talvez aceite uma roupinha. Mas a maioria não curte. E forçar não ajuda: só gera estresse. Aposte mais em aquecer o ambiente e nos esconderijos naturais da casa.

5. Banho? Só de sol!
Banho com água, nem pensar (a não ser por indicação médica). Mas banho de sol é essencial. Se tiver uma janela segura e com sol da manhã, deixe o espaço preparado pra ele se esquentar como um lagartinho zen.

Resumo da ópera? Gato sente frio sim, mesmo se fingir que não. E você, tutor ou tutora, pode fazer muito com pouco: cobertinha, carinho e um olhar atento. No fim das contas, eles só querem o que a gente também quer: um lugar quentinho, um pouco de afeto e a certeza de que serão cuidados. Afinal, ninguém quer passar frio, nem quem já foi dono das ruas e hoje dorme em travesseiro de pelúcia.

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