Chantagem de quase meio milhão expõe bastidor de fraude em obra de pavimentação
Sem receber o percentual que dizia ter direito em acordo, empresária passou a cobrar prefeito e assessores
Áudios e mensagens de celular que registram até chantagem integram denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e ajudam a embasar acusações contra suposta engrenagem de corrupção na Prefeitura de Terenos.
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Chantagem envolvendo R$ 437 mil expõe esquema de corrupção na Prefeitura de Terenos, Mato Grosso do Sul. A empresária Vanuza Cândida Jardim ameaçou revelar conversas comprometedoras com o prefeito afastado Henrique Budke e o secretário Valdecir Batista Alves após não receber valores prometidos em negociação irregular. O caso, revelado durante a Operação Spotless, envolve desvio de recursos públicos destinados à pavimentação. Segundo o Ministério Público, o dinheiro foi utilizado para quitar obra já executada, evidenciando uma rede de corrupção que incluía fraudes em licitações, propinas e acordos informais entre os envolvidos.
O episódio envolve a empresária Vanuza Cândida Jardim, o prefeito afastado Henrique Wancura Budke, o então secretário de Desenvolvimento Valdecir Batista Alves e o empresário Sandro José Bortoloto. Vanuza foi alvo de mandado de busca e apreensão no dia 9 de setembro, durante a Operação Spotless. Ela não foi denunciada à Justiça.
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Segundo a denúncia, Vanuza intermediou a liberação de recursos públicos para uma obra de pavimentação. O dinheiro, no entanto, não foi aplicado na finalidade prometida e teria sido usado para quitar outra obra já executada, caracterizando desvio de recursos.
Sem receber o percentual que dizia ter direito, a empresária passou a cobrar Sandro Bortoloto. Nas mensagens, ela cita nominalmente Valdecir Alves e Henrique Budke como responsáveis pela manobra.
“Se não me pagarem, vou entregar minhas conversas com Henrique e com Valdeci”, ameaçou, ao cobrar R$ 437 mil que considerava prejuízo com a quebra do acordo.
Nos áudios anexados à denúncia, Vanuza afirma ter gravações que comprovam a participação de integrantes da prefeitura na liberação da verba, a pedido de Valdecir, e usada para pagar obra já concluída.
“Aí em Terenos me roubaram R$ 437 mil. Aí agora o Valdeci pediu que eu liberasse uma, a situação lá do Almir, eu liberei e ele não pagou, o Almir não me pagou e o Valdeci sumiu. O Henrique também sumiu, mas engano deles achar que eu não tenho tudo guardado. Porque eu guardo as coisas, né?”, diz a transcrição incluída na denúncia.
Para o MPMS, a chantagem expôs não apenas a participação direta de Valdecir Batista Alves, mas também reforçou o papel central de Budke na organização criminosa.
O episódio mostra que a rede de corrupção não se restringia às fraudes em licitação, avançando para acordos informais, pagamento de propina e até ameaças internas entre os próprios envolvidos.
A denúncia ainda lembra que, em interrogatório, o próprio Valdecir admitiu ser pessoa de confiança do prefeito, conhecido como o “camisa 10” da equipe. Ele intermediava encontros e chegou a ser sócio de Budke em negócios privados, reforçando a proximidade e a posição estratégica dentro do grupo.
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