Dois militares de MS são denunciados juntos com Bolsonaro por trama golpista
Outro militar também é citado na denúncia, mas como alguém que será investigado em processo à parte
Além do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), dois militares que possuem ligação com Mato Grosso do Sul estão entre os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob suspeita de tramar um golpe de Estado. São eles, o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto e o major Sérgio Ricardo Cavaliére de Medeiros. O suplente de senador e presidente do PL estadual, Aparecido Andrade Portela, Tenente Portela, também era investigado, mas não foi denunciado. O mesmo ocorre com o coronel reformado Laércio Vergílio.
RESUMO
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A Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 32 pessoas, incluindo militares de Mato Grosso do Sul, por tramar um golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022. Entre os denunciados estão o coronel Bernardo Corrêa Netto, o major Sérgio Cavaliére e o coronel reformado Laércio Vergílio. A denúncia, apresentada ao STF, alega que os militares pressionaram o Alto Comando do Exército e disseminaram notícias falsas sobre fraude eleitoral. A investigação continua, com a análise de outras conexões militares.
A PGR denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A denúncia foi oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será apreciada pela Primeira Turma da Corte após ser liberada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
O coronel Bernardo Corrêa Netto comandou, até janeiro de 2022, o 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado, conhecido como "Regimento Antônio João", localizado na cidade de Bela Vista. Corrêa Netto foi preso nos Estados Unidos no dia 8 de fevereiro de 2024 ano, como parte das investigações da Operação Tempus Veritatis.
Bernardo Corrêa Netto é acusado de ter desempenhado um papel ativo na pressão sobre o Alto Comando do Exército para aderir ao plano golpista. Segundo a denúncia, ele participou de uma reunião em 28 de novembro de 2022, onde foram discutidas estratégias para garantir a assinatura do "Decreto Golpista". Mensagens encontradas no WhatsApp de integrantes do grupo revelam que Corrêa Netto organizou discussões sobre o planejamento do golpe.
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Em um dos trechos da denúncia, a PGR destaca: "Os denunciados utilizaram o aplicativo WhatsApp para registrar os temas e objetivos discutidos na reunião. O coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, em comunicação direta com Mauro Cid, mencionou a necessidade de 'limpar registros', sugerindo a destruição de provas do plano golpista."
Já o major Sérgio Ricardo Cavaliére de Medeiros foi identificado em trocas de mensagens com o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, onde discutiam a disseminação de notícias falsas sobre a apuração eletrônica dos votos. Segundo a denúncia, essas mensagens foram enviadas em 8 de novembro de 2022 e tinham o objetivo de alimentar a narrativa de fraude eleitoral.
"Demonstrando ainda acreditar na possibilidade do golpe de Estado, SERGIO CAVALIERE asseverou: “teremos que cortar algumas cabeças então. Assine logo e deixe rolar. Deixe o povo saber quem soa os traidores. É só partir com os fuzileiros”, diz trecho da denúncia.
A dinvestigação também mirou outro militar ligado a Mato Grosso do Sul, o coronel reformado Laércio Vergílio, que se aposentou com o posto de general de brigada e vive em Campo Grande. Ele negou em interrogatório prestado à Polícia Federal, no dia 22 de fevereiro, que tenha participado da conspiração para um golpe de Estado. A casa de Vergílio foi vasculhada pela PF no dia 8 de fevereiro, e ele foi apontado como parte de uma "ala militar" que cogitava a tomada do poder.
Diferente dos demais, o coronel reformado Laércio Vergílio não foi incluído nesta denúncia, pois seu caso será analisado em processo apartado. Apesar de ser citado nas investigações da Polícia Federal como parte do grupo que pressionava comandantes militares para aderir ao golpe, seu envolvimento ainda está sob análise.
Mesma situação do suplente de senador e presidente do PL em Mato Grosso do Sul, Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela (PL), que não foi incluído na denúncia nesta etapa. Segundo o documento da PGR, sua participação na organização criminosa será objeto de diligências complementares.
A PGR destacou em sua observação que Portela teve conversa direta com o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tratando de assuntos ligados ao golpe e aos atos violentos de 8 de janeiro.
A denúncia será analisada pela Primeira Turma do STF e, caso seja aceita, os denunciados se tornarão réus no processo. Paralelamente, a Polícia Federal segue investigando outras conexões militares que possam ter participado da tentativa de golpe.
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